Estúdio Raposa

Lugar aos Outros 93
Perdro Nobre

 

INDICATIVO

Pedro Nobre é o autor que hoje será lido no Lugar aos Outros.

MÚSICA

Pedro Nobre nasceu na Alemanha mas com seis anos veio para Portugal tendo-se a língua alemã, perdido na distância. Cresceu na margem sul e fez os seus estudos secundários em Setúbal na escola secundária Sebastião da Gama. Não foi o nome do poeta que o empurrou para a escrita mas a descoberta do mundo dos blogues. O poder, até diariamente ir colocando ao dispor do mundo os seus pensamentos, levou-o à poesia.

MÚSICA

Pedro Nobre foi, um dia, recitar um dos seus poemas num programa de poesia realizado por Crisália Toscano e transmitido na Rádio Telefonia do Alentejo. Momento mágico, dado que foi convidado para realizar um programa seu. concretizando assim um dos seus sonhos.

MÚSICA

O programa de Pedro Nobre intitula-se “Na escuridão da noite”. Nasceu para as ondas de rádio em 4 de Julho de 2007 com locução do próprio e de Rita Antunes. Trata-se de um programa de duas horas com inicio às 23 horas e onde se dá voz aos poetas desconhecidos. Enfim, um espaço onde se fala, respira e se vive poesia.

MÚSICA

Pedro Nobre tem muito caminho à sua frente para subir o nível do seu trabalho literário mas o amor, bem visível, que tem pela poesia há-de levá-lo longe. O mundo da poesia, aparentemente fácil e acessível a todos, exige muito trabalho e muito estudo no qual se inclui a leitura muita atenta da obra dos grandes poetas.
Ouviremos, de seguida, e sem interrupção, quatro poemas de Pedro Nobre.

MÚSICA

Entre pedras da calçada
No desgaste de um sapato velho
De pé entre pé
Ao encontro do luar
Em noite iluminada
Uma voz rouca
Um olhar fosco
Um papelão num jardim
Na companhia da Mãe Natureza
Murmúrios
Um falar com o vazio
Uma casa sem tecto
Mais uma vez, o carro chega
O alimento
O aconchego da noite
Um sorriso no rosto
Até parece que renascia
O matar da saciedade
No frio da noite
Um olhar amigo
Uma mão se estende
Parado fico a observar
Uma lágrima cai
Em plena capital
Com temporal
Um mendigo
Vários mendigos
Vivendo num mundo paralelo
Onde o cobertor é de papel
A cabeceira de sacos enrolados
Ali ficam até o nascer do dia
Sempre a mesma rotina todas as noites.

MÚSICA

Um rasgo na mente
Um rabisco escrito com precisão
Uma vida descente
Uma memória em perdição

Um amor que se perdeu
Um amor que ainda não se conquistou
Um olhar que se esvaneceu
Um olhar que se vidrou

Um sentimento de pecado
Um sentimento de ressentimento
Um escape por não ter amado
Um escape ao sofrimento

Uma lágrima não chorada
Uma lágrima em dilúvio
Uma vida desenxovalhada
Uma vida em distúrbio

Uma vivência para reflectir
Uma vivência para não recordar
Uma sina para não se repetir
Uma sina que nos faz reforçar

Uma vida descente
Uma memória em perdição
Um rabisco com precisão
Um rasgo na mente.

MÚSICA

À noite canto o fado
Com alma e sentimento
Meu sorriso rasgado
Escondo o meu sofrimento

A voz que Deus me deu
Alegra a minha mente
Da dor que morreu
Ao cantar para a minha gente

Uma guitarra a tocar
Cada nota em sintonia
Com a minha voz a soltar
Formando esta melodia

Mais uma noite a cantar
O destino da minha vida
Que eu quero amar
Até à minha despedida...

MÚSICA

Olhar revertido
Sorriso camuflado
Em palavras contido
No discurso falado

Vagueando na utopia
No entrelaçado do seu ser
Como a noite fosse dia
Sendo este o seu viver

Com rasgos de imaginação
Da mente reflectidos
Com parábolas de observação
Em consonância com os sentidos

Robusto desde o nascer
Com olhos rasgados
Pálido no seu parecer
Em lábios cerrados

Sentimentos em rima
Reflexos alados
Vindos de cima
De tempos passados.

MÚSICA

Ouvimos, no programa de hoje, poesia de Pedro Nobre.

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