HOMEM ANALÓGICO
por Artur Tomé
arturgtome@hotmail.com
 

w

105 - Despedida
 
Iniciei colaboração regular do Truca há uns anos, com a página Energias Livres. Durou o que tinha a durar, terminou quando verifiquei que nada mais havia para ser dito sobre o tema.
Foi pausa de pouca dura. O Luis voltou-me a abrir as portas para este Homem Analógico que, aqui há umas semanas atrás, deixou de ter algo novo para dizer. O vinil ouvido através de colunas versus MP3 ouvido em esponjinhas nas orelhas, relações virtuais versus relações humanas ao vivo... está tudo dito sobre o tema.
A Mulher Digital surgiu como um comprimidinho azul virtual, espevitando um pouco um corpo moribundo. Mas a Natureza é o que é e a temática do Homem Analógico vai descer à terra.
Prometo voltar em breve, com outra temática, se o Luis ainda tiver pachorra para me hospedar. Quando, não faço ideia: provavelmente antes da rendição da MFL à frente do PSD. Tema, sabem tanto como eu.
Os meus sinceros votos de continuação de êxitos à Mulher Digital. Se alguém vir nisto uma rendição de turno, não poderia ter encontrado melhor continuadora que esta.
Um grande abraço para o Luis, um beijão para a Susana e um até breve para todos.
Obrigado por me terem aturado todo este tempo.


104 - O melhor dos dois mundos

Aqui há poucos meses fui assistir a um programa que Prem Rawat deu em Portugal. Excitadíssimo. Conheço-o desde os 18 anos (dele, desde os 30 meus) e são poucas as oportunidades de o ver ao vivo. Nesse tempo, ainda era conhecido por Guru maharaji e, por ser tão novo, os brasileiros chamavam-lhe o Guru Guri. Adiante. Lá vou espreitando um ou outro filme colocado no www.mspeaks.com ou clips no Youtube, mas ver alguém de quem se gosta e admira é diferente. Para melhor.
O anfiteatro era grande, havia umas 1500 pessoas, e foi uma festa quando ele apareceu. baixinho, roliço, sem ser gordo como era quando adolescente. Prem Rawat começou a falar, por baixo de um bruto écran que projectava a sua imagem ampliada e...
Adivinham o resultado, não é?  Ao fim de um quarto de hora percebi que estava a vê-lo num écran, tal como o faço diante do portátil. Para isso podia ter ficado em casa em vez de me deslocar ali e pagar bilhete (ao contrário dos U2, paga-se no próprio dia, o pagamento é voluntário e a quantia recomendada muito inferior ao que se pede para ouvir os dinossaurios do rock.)
Tive que fazer um grande esforço para me focar na figura mais pequena, mas Viva, que estava por baixo daquele monitor gigante.
Mas juntei as vantagens do real com o virtual.

Para terminar com a discussão sobre qual é o melhor dos mundos, o digital ou analógico, a minha resposta é essa:"juntar o melhor dos dois".

Por exemplo
http://www.crosleyradio.com/Product.aspx?pid=1849

O mundo digital é mais rápido, mais anónimo, mais aberto a furar direitos de autor (quantas series de televisão, filmes, canções, têm vocês por aí gravadas sem autorização dos autores?).
O mundo analógico é mais lento, mais contemplativo, dá mais tempo para saborear um estado de espírito. Não há pintor que use um Mac para trabalhar os seus quadros, não há art director que os dispense.
Sem Digital, não haveria Estúdio raposa. Mas sem Analógico, não haveria poetas para lá serem lidos.

Nota do Editor: Sem Digital não haveria Estúdio Raposa. Mas sem o Analógico não haveria declamações. Pimba!


103 - Abaixo o MP3, viva o vinil

Para começar, há a questão das capas: a capa de um LP, quando é boa, é sempre melhor no seu tamanho original do que liofilizada num CD ou em mini selo num qualquer i-Pod.

Vejam a capa do Andy Warhol para o album "Velvet Underground and Nico". A magestade daquela banana perde imenso da sua força quando comprimida para a capa de um CD. Deixem-se de ilusões: aqui o tamanho da banana importa.

Depois, há a questão do som. Hipnotizada pela facilidade com que pode copiar qualquer música de qualquer lado, a juventude  digital de hoje passeia-se pelo metro, pelos centros comerciais, wherever, convencida de que aqueles dois fiozinhos de plástico com uma esponjinha na ponta para meter nos ouvidos, lhe oferece som.

Pois. O vinil exige um giradiscos que pode custar entre 250 a 1500 euros, com montes de regulação do braço e do peso da cabeça, um amplificador decente, colunas quanto maiores, melhor...E cabos, que só por si, podem custar tanto como 10 i-Pods. E, para ouvir aquilo em condições, ainda há que contar com condições especiais da sala, orientação do equipamento face ao ouvinte...

Não é preciso pagar tanto para ouvir boa música?  Para ouvir da forma que ouvem, não. Para ouvir o mais próximo possível do que lá está gravado, sim.

Tal como nas redes sociais, o MP-3 é fácil, é barato e não dá chatices. Mas, tal como nas relações humanas, as pessoas reais dão trabalho a conhecer, dão chatices por vezes. Só que a relação é muito mais completa e humana no mundo analógico do que no mundo digital.


102 - Mundo digital ou analógico: Qual o melhor?

A semana passada tive dois choques.
O primeiro foi umas estatísticas do Luis Gaspar que atribuiam 178 visitas ao Homem Analógico e 162 à Muher Digital na primeira semana de Outubro.
A Mulher Digital é escrito por uma amiga virtual que vive no Facebook, onde o Luis anunciou a sua estreia no Truca. Fiquei abatido. Anda um tipo para aqui a escrever há 3 anos e só tem 178 leitores. Chega uma estagiária, que ainda cheira a cueiros e, pimba! vai por aí fora.
Tá bem que ela é mais bonita que eu. E escreve bem. Mesmo assim, é desmoralizante para o ego.
Para compensar, tive a oportunidade de conhecer na vida real amizades que até aí eram apenas virtuais.
Confesso: não há nada como uma amizade concreta, real, com óculos a chocarem quando se dá um beijinho, com as sinalefas substituídas por expressões faciais, com copos e cigarros à frente...
Digam o que disserem das redes virtuais, dos avatares da Second Life, das flores que se enviam e dos convites para aderirmos às mais diferentes causas, não há mesmo nada que se compare a um convívio no mundo real.
(a não ser... um convívio no mundo real que começou no mundo virtual)


101 - SEXO na net

Pois, já tinha falado, muito genericamente, dos problemas das relações humanas através de contactos virtuais.
O último texto da Mulher Digital, a terminar naquele delicioso "Fodei-vos", levou-me a canalizar o tema para o sexo.
Há sexo digital. Na Second Life, nos namoricos que se arranjam nas redes sociais e até em sites de contactos, desde os pedidos de amizade e namoro mais ou menos delico-doce, até às bizarrias dos alt.com.
Esqueçamos os anúncios de convívio (onde elas são muito mais pão pão, queijo queijo que eles) e passemos ao que acontece nas redes sociais.
O sexo virtual tem vantagens: não se sujam lençois, não há a chatice dos preservativos, não é preciso levar o parceiro para os copos ou preocuparmo-nos se os pratos estão lavados e o quarto minimamente limpo. Há menos rodeios e entretantos, entra-se mais praticamente nos finalmente, exprimimos os nossos fantasmas mais à vontade.
Por outro lado, faltam os rodeios e os entretantos. O diálogo dos olhares, os toques das mãos, a descoberta daquela covinha no pescoço ou ou da zona do corpo que reage como um choque electrico a um beijo ou uma carícia. Falta a mistura dos cheiros dos corpos suados, cheiro tão deliciosamente diferente do de cada um individualmente.
Falta o calor do corpo do outro, o cigarro fumado a meias...
Falta...
Que se lixe a crónica. Vou namorar com alguém real.
Até para a semana.


100 - Relações virtuais

E aí temos nós a geração dos homens e mulheres da geração digital, com um portfolio de dezenas de amigos nas suas redes sociais, sem conhecerem pessoalmente a maioria de tais amigos.
Eppure, si muove. Há um fascínio de vantagens em tais redes.
Fala-se, comenta-se, mandam-se piadas, flirta-se, com muito mais à vontade do que teriamos na vida real. Como num bar atravancado de gente, entra-se na conversa de outros, comentam-se afirmações de quem não se conhece de nenhum dos dois mundos...
Mais interessante ainda, descobrem-se almas gémeas que gostam dos mesmos autores, das mesmas músicas, ou que aderiram às mesmas causas. Encontram-se amigos perdidos há décadas.
Mas há o lado negativo de tais conversas.
Primeiro, porque a conversa é só limitada às palavras. A sinalefa dos dois pontos fecha parentesis a avisar que o que se disse é a brincar, nem sempre evita que aquele a quem se dirigiu uma frase inócua a tome como ofensa.
A agravar os mal entendidos há a questão do tempo. Numa conversa cara a cara, ao dizer-se uma coisa, vê-se logo no interlocutor como é que ele reage ao que foi dito. E reabate-se, explica-se a intenção, não só com palavras, mas com tom de voz e liguagem corporal muito mais informativa que as sinalefas.
Numa wall, quem faz uma afirmação, só sabe que o outro levou a mal quando ele responde. E, entretanto, o outro esteve a remoer a ofensa ou o mau gosto que sentiu no que lhe dissemos, e, quando responde, muita vez já é tarde para reparar os estragos
Se eu sou afinal a favor ou contra as amizades virtuais? nada contra, tem vantagens únicas. Só que, como nas outras relações ocasionais, estas também devem ser feitas com  Control.
;)

PS: Por razões alheias à minha vontade (falta de acesso regular à net por uns tempos) não vou poder garantir a colaboração regular semanal  que tenho mais ou menos mantido até agora nesta coluna.


99 - A década prodigiosa

A reedição do trabalho dos Beatles e o reencontro com um livro do Millor Fernandes, fez-me pensar na maravilhosa década que o período aí de 1968 a 1978  representou sob o ponto de vista cultural.
Não só na música mas, por exemplo, nas revistas.
O Pif-Paf e o Pasquim no Brasil, Charlie-Hebdo e Hara-Kiri em França, Mad e National Lampoon nos States, destilaram humor e crítica social como nunca mais se viu nas décadas seguintes.Nada lhes escapava. Governos, religiões, ensino, sociedade em geral. Tiveram processos, (o Hara-Kiri teve um da Air France, a propósito de um anúncio que fizeram com um avião da Air France estampado; pagaram a multa e repetiram a foto, riscando o nome Air France e escrevendo, com um feltro, ALITALIA; e puseram o comentário: "Vamos lá ver se os italianos são tão cons como os franceses"), mas tinham maior liberdade e maior agressividade que hoje.
Em Banda Desenhada, foi o quebrar do Código de Ética nos E.U.A., e o pegar em temas proíbidos, como a droga  e o racismo.
Até na pornografia, foi o período de filmes feitos por actores adultos, que se respeitavam, que produziam histórias com bons argumentos e melhor fotografia. Devil in Miss Jones (com cenas belíssimas passadas no Céu!), Inside Miss Aggie, Roommates, são filmes excelentes, com sexo explícito, mas sem aviltamento porno.
Comparado com esses tempos, a criatividade de hoje e a liberdade de expressão, deixam muito a desejar.


98 - Those were the days

Ia pegar hoje num assunto, mas uma correspondente no Facebook introduziu o tema melhor que eu. Aí vai o  delicioso texto de Doce Venenno. Voltarei ao tema na próxima semana
Artur Tomé
 
Hoje, dia 09-09-09 (capicua total, que supostamente dar-nos-ia sorte) ouviu-se da boca de uma criança de 9 anos:
"NÃO HÁ NADA DE BOM PARA PENSAR DESTE MUNDO!"
***
É dose ouvir isto, quando nós carregamos no lombo tão boas destas recordações. E quem são os culpados, daquilo que não existe para dar às nossas crianças para recordarem com uma DOCE nostalgia e um sorriso rasgado na alma... quem são?
***
JÁ NINGUÉM DANÇA "SLOWS"!
Ai que saudades... dos kalkitos, do Sandokan, dos pirolitos, das cassetes VHS, do Sitio-do-Pica-Pau-Amarelo, dos discos-vinil, do cubo mágico, das sombrinhas-de-chocolate, das matinés, da Fame, do Homem da Atlântida, dos abafadores, do Verão Azul, do yo-yo, das Bombokas, do ET, da Pantera-Cor-de-Rosa, do Tom Sawyer, dos Marretas, das bolas de espelhos nos tectos das garagens e das de berlim na praia, de namorar atrás dos pavilhoes das escolas, de jogar ao bate-pé, dos "stores" de Matemática, do 'boom' da revista Bravo só para ver as imagens porque alemao quase ninguem percebia, de 1 pintor, dos 25 tostoes, dos 3 duques, do Fiat 127, de jogar à bola em campos de alcatrão, do RockRendezVous, dos lanches na Mexicana, da gelataria Surf, dOs hamburgueres nas Portas de Sto Antao, do Centro Comercial das Amoreiras, do 1,2,3, da pasta medicinal couto, da publicidade do Olex, do Mr.Ed, do Tal-Canal, do Renault 5, das boleias para a Costa da caparica, dos Cinco, das pastilhas pirata, do Vasco Granja com as animações da Europa de Leste, da TV Rural com o EngºSousa Veloso, da Mira-Técnica da RTP, da geração-rasca, das canetas bic, dos smarties, da Laranjina C, da macaca, das batatas Pala-Pala, das bolas-de-praia-Nivea...


97 - Sou uma peça arqueológica

Quando andava no liceu ainda não havia computadores. Nem calculadoras electrónicas. Aprendi a medir com o nónio e a fazer contas com uma régua de cálculo (usava-a pouco, sempre fui bom em cálculo mental). Aprendi a desenhar ovais com escantilhão
Aprendi a usar o tira-linhas, a desenhar letra antes de haver folhas da Mecanorma para decalque.
Agora vem o  Pedro Afonso com uma exposição de quadros à base de material de desenho. A recordar a arqueologia industrial com que os gráficos trabalhavam antigamente.
E sinto que vivi muitas vidas e muitas culturas diferentes, sem sair daqui, apenas viajando pelos anos fora. A esreia da alta fidelidaee no S.Jorge com o Golfinger, os LPs de demonstração da estereofonia com os comboios a atravessarem a sala nas colunas do giradiscos ou na corrida de cavalos da My fair lady...
Metade da minha vida profissional foi passada com departamentos gráficos onde trabucava um visualizador, um art director (não era a mesma coisa), ilustradores como o Pedro, com quem trabalhei na Cinevoz,  maquetistas e arte-finalistas.
Sinto-me jovem, sou jovem, porra, mas estas transformações mexem com qualquer coisa cá dentro...
A exposição do Pedro é AQUI (Só para assinantes do Facebook)
Um abraço, moço.


96 - Recordando Raul Calado

Recordei-me de Raul Calado esta semana ao ler a notícia de que a Unilever abriu um concurso entre os seus utilizadores para o lançamento de um novo produto.
(Ver AQUI)
Primeira reacção: agora os clientes querem que lhes ofereçam ideias à borla. Qualquer dia os criativos vão ter de pagar para apresentar uma proposta de campanha publicitária.
Foi aí que me lembrei duma conversa com o Raul Calado, na Cinevoz, a propósito das situações em que estava no juri de concursos de publicidade.
Dizia ele que, para poder julga correctamente uma campanha, precisava de saber qual o briefing que o cliente tinha dado.
Ou seja, não basta que um anúncio (radio, imprensa, TV, net, ...) seja giro e muito original. É necessário saber qual o objectivo do cliente para aquela acção. Só assim se poderia saber se aquela peça respondia bem ou mal ao que era pedido.
Com o chico-espertismo deste concurso, a Unilever não apresenta briefing algum. Qual o target, quais as vantagens do produto?
Este concurso não é só uma esperteza para não pagar fee a uns artistas que brincam com Macs. É uma azelhice  e uma maneira totalmente não-profissional de preparar o lançamento de um produto no mercado.
Francamente, se tivesse acções da Unilever ia já a correr vendê-las.

PS.: Alguém sabe onde pára o Raul?


95 - Redes sociais

Quando eu era miúdo, havia a mania de se aranjar correspondentes. Principalmente (para os rapazes, pelo menos) em Inglaterra e Finlândia onde as mocinhas eram diafanamente lindas.
Para se ter uma ideia de há quanto tempo isso foi, lembro-me de uma descoberta de um amigo meu : "Eh pá, a minha correspondente inglesa diz que lá, agora, já ninguém se interessa pelos Shadows. O que está a dar são uns gajos chamados Beatles"
Bom, os Shadows tinham perdido a graça toda desde a saída do Jet Harris e Tony Mehan, mas quando ouvi o "Love me do" concluí que as inglesinhas estavam parvas.
Só me rendi a eles com o Yellow Submarine.
Adiante.
A minha primeira reacção às chamadas redes sociais na net foi de recusa. Infantilizantes, cuscas, faziam-me recordar a Família, um grupo de correspondentes televisivas que enchiam uma parede em qualquer lar no mundo do Fahreneheit 491 do Ray Bradbury, a debitarem banalidades todo o santo dia.
Mas nestes últimos 15 dias, descobri algumas vantagens no sistema.
3 amigos que já não via há uns 20 anos apareceram a quererem ser meus amigos no Facebook, no Linkedin e noutro qualquer. Através da visita à rede de amigos de amigos, encontrei outros dois que não sabia por onde andavam. E descobri uma correspondente interessantíssima, que não conhecia de lado nenhum e com quem tenho tido diálogos fascinantes.
Pois. Mas teimoso como sou (é dos Touros) continuo a pedir a toda essa gente que comunique comigo via e-mail. Há algo de pornográfico na exposição pública dos comentários e algo de asfixiante quando essas mensagens são notícias constantes sobre a evolução que o comunicador tem tido nas mafia wars ou na quinta do não sei quantos.
Claro que nem tudo é mau. Uma vez por outra, lá aparece algo que nos faz ganhar o dia, como um post do Luis ou um clip do Youtube com um anúncio fascinante ou uma trecho musical que nos marcou quando jovens.
De qualquer forma, insisto: para falar comigo, ou por telefone (934 378631) ou para o meu e-mail
Boa praia para todos


94 - Um criativo das Arábias

Bom a entrevista da M&P ao Pedro Bidarra, que o Luis reproduziu nas últimas Fofocas, é sinal para fechar a polémica sobre publicidade. Está lá tudo dito, melhor do que eu o poderia fazer.
Apesar de tudo, para um publicitário, ser bom profissional compensa.
E, para um cliente, respeitar o valor do trabalho da sua agência também compensa.
Só para terminar, recordam o João, aquele art director que anda lá pelas Arábias e que dizia que, se estivesse cá, estava a trabalhar nas obras? Bom, o rapaz criou a sua agência lá na terra das 1001 noites e, assim que o site esteja pronto, terei todo o gosto em apresentá-lo aqui.
Entretanto recomendo a leitura do seu blog

http://narizgrande.blogs.sapo.pt/
Bons clientes, João.
E continuação de boas férias para todos


93 - Os McCann voltam a atacar

Desculpem lá, a polémica sobre publicidade vai ficar adiada para a semana. Ainda estou eufórico com a descoberta dos detectives contratados pelo Mr. Mitchell, porta voz dos McCann.
Depois de , no ano passado, terem encontrado um suspeito alto, bexigoso e de cabelo comprido, encontraram agora uma suspeita de pele lisa e cabelo curto. Com sotaque australiano.
A solução do mistério está para breve.
Quando for encontrado o culpado só espero que ele explique como é que se saiu do quarto pela janela.
A janela está no rés-de chão, já sei.
OK, vão até a uma janela de uma sala da vossa casa. O parapeito está ao nível da cintura. Para sair pela janela para a rua é preciso sentar o rabo no parapeito, rodar as pernas para o lado de fora e saltar para a rua, certo?
Aposto que não conseguem fazer isso sem usar as mãos.
Agora tentem fazê-lo com uma criança nos braços.

Boas férias a todos


92 - O Tempo e a publicidade

No filme Chinatown há um delicioso diálogo entre Jack Nicholson e John Houston. Cito de memória:
Jack - O senhor é um político respeitável...
john - Claro que sou respeitável. Sou velho. Políticos, prédios e putas tornam-se respeitáveis com a idade.
Recordo sempre esta cena quando se fala do valor da imagem desta ou daquela marca. Para lá de uma linha de comunicação criativa e bem direccionada ao target a que se  dirige, a imagem de uma marca precisa de tempo para se instalar no inconsciente colectivo do consumidor.
Pode parecer arcaico falar-se em criar comunicação com tempo. Principalmente na era da netdesign e das redes sociais. Mas o tempo é uma ferramenta profissional importantíssima, para uma estratégia de comunicação sólida. Em qualquer época e em qualquer meio. Trabalhar em acelerado, sempre para ontem é que é falta de profissionalismo, tanto ontem como hoje.
E não, estratégia não é sinónimo de táctica.
assunto que fica para a próxima semana. (*)

(*) ou para a outra, depende de como estiver a praia - ou de quem lá encontrar


91 - Hoje há Energias Livres

Hoje não há Homem Analógico. O debate sobre a profissão dos publicitários fica adiado para a próxima semana.
Sucede que este domingo Prem Rawat dá um programa público aqui em Lisboa. Só para praticantes, senão convidava-os com muito prazer.
Claro que podem sempre ir visitar www.elanvital.pt. Há uns vídeos para ver e ouvir e informação sobre a actividade de Prem Rawat.
Recomendo.
Em alternativa, sugiro duas outras propostas para umas férias diferentes:

Proposta 1 (informação de Afonso Cautela)
ENCONTROS ABERTOS DE IOGA
TARDES DE SÁBADO, DAS 14.30 ÀS 17 HORAS
JUNHO: 27
JULHO: 18
AGOSTO: 22

O Centro de Ioga Metta Bhavana resolveu realizar uma série de 3 encontros de estudo, em sessão aberta, de entrada livre e não sujeita a inscrição.
A ideia é que, dentro de alguns meses, os participantes de hoje nos nossos encontros de estudo estejam a passar a palavra e a transmitir o fundamental da gnose vibratória.
Local: Centro de Yoga Metta Bhavana, rua Alves Torgo, 19 F- 1º - Eº - Lisboa
Telefones 213 146098-TM: 931 160188 (a 150 metros da Praça do Chile, metro de Arroios).

Proposta 2 (informação de Cecílio Regojo)
Carola Castillo, profissional de grande êxito internacional na área das Constelações Familiares e Xamanismo,  vem a Lisboa nos dias 2, 3 e 4 de Novembro.
Recomenda-se esta experiência, não só para as pessoas ligadas às Constelações Familiares e ao público em geral, mas também para todos os que têm vindo a desenvolver as suas competências nas áreas organizacional e empresarial.
Cecilio Regojo
web:      www.talentmanager.pt
DATA:  
             2, 3 e 4 de Novembro 2009
HORÁRIO:        16:00  -  23:00
 LOCAL:             Hotel Riviera****
                       Carcavelos
PREÇO:            350 euros  (+ IVA)
CONTACTO:       214 671 215  /  917 225 317
Email:               systemic@talentmanager.pt  


90 - Advogados, jornalistas e publicitários, a mesma luta

Mais um comentário (talvez o último) ao meu post sobre a crise da publicidade

Meu caro Artur Tomé. Pede-me um comentário ao seu texto publicado em “Homem analógico” sobre a formação dos publicitários e o estado da arte da comunicação publicitária. As suas observações (preocupantes) são facilmente extensíveis a todas as actividades que não estejam na linha da frente daquilo que hoje se chama “as super oportunidades do mercado” e que recaem em certos domínios da engenharia informática, da biomédica e biotecnologias, investigação farmacêutica, aeroespacial, etc. Porque a comunicação publicitária ou está na mão dos grandes empreendimentos globalitários ou vive volatizada, ao sabor das necessidades (quase sempre anacronizadas) das PME.
Um estudante de Publicidade está no refugo como um estudante de Direito, são provisórios, substituíveis, contingentes. Alguém escreveu sobre o seu texto que as empresas multinacionais pensam mundo e não pensam Portugal. Como não há estratégia de mercados, toca de tratar gráficos, malta do marketing ou copywriters a preços de saldo. Só que não se premeia o talento publicitário como não se premeia outros talentos profissionais. Como é evidente, no site Carga de Trabalhos procura-se gente à tarefa para aquela publicidade horrível que passa na TVI ou nas revistas da socialite. Muito provavelmente, só se sairá deste “grau zero” da publicidade quando houver outro modelo de desenvolvimento, e é por isso que estamos todos confiantes em Barack Obama e num eventual arranque económico que nos ponha todos a consumir de um modo diferente.
V. tem razão no seu protesto, creio que ninguém, por ora, tem uma resposta segura para lhe dar.
Um abraço do Mário Beja Santos   

E, no Público do passado dia 9 de Jukho, escreve o jornalista Mário Gaspar

O mundo das notícias está a mudar. E não se sabe se para melhor. No curto prazo, pelo menos, não será.
A indústria dos media procura respostas do lado da contabilidade - está em jogo uma questão de sobrevivência. Mas, para compreender o problema, é preciso expotá-lo para o plano da cidadania.
O que está a acontecer neste campo é o fim da diferença entre emissores e receptores. Hoje, por causa da internet, todos podemos ser emissores. Por um lado, isso significa mais democracia - se mais pessoas podem dizer em público o que pensam, mais opiniões circulam e o controlo sobre o que é que é possível pensar sobre o quê deixa de estar confinado aos mass media. Mas há um preço a pagar: ao perderem o exclusivo da mensagem, os emissores estão a perder a sua legitimidade. (sublinhado meu)

Para a semana, acabo com a preguiça de dar só voz aos leitores e voltarei a comentar eu o choque do homeme analógico com o mundo digital.
Obrigado a todos


89 - Para onde vai a publicidade?
Para começar, o meu muito obrigado a todos os que responderam e polemizaram  este tema.
Comecemos com uns socos na boca do estômago:

Artur,
Parece-me claro que o modelo de negócio tradicional da agência de Publicidade está morto e enterrado.
É altura de se desistir e procurar outra coisa.
Abraço,
João

www.ology.pt

Caro Artur:

Não sou “blog-maníaco” e não gosto por regra de entrar em fóruns com respostas a pessoas que não conheço. Mas como você provocou algumas respostas interessantes de alguns dos intervenientes não resisto a uma breve colherada nesta sopa de ideias.
Para os que não me conhecem (www.glasford.pt <http://www.glasford.pt> ) direi que sou HeadHunter desde há 13 anos e no mundo da PUB fui gestor de empresas de produção de filmes, de meios, de agências, de central de compras e …Cliente.
Como hoje trabalho com os mais variados sectores de actividade posso partilhar convosco que o desabafo do Artur não é infelizmente exclusivo da Publicidade. O mundo romântico e idílico dos anos dourados da Pub acabaram. E acabaram mesmo. Não é uma questão de deixar passar a  crise que depois melhora
A minha última ligação profissional em que tive de tomar decisões sobre publicidade foi no sistema Coca-Cola. Já lá vão mais de 15 anos. E já nessa altura se questionava a eficácia dos spots em TV (qual a audiência de um determinado spot? E qual a audiência dentro do nosso target market?).
Ainda hoje não há respostas credíveis para estas questões e todos sabemos porquê.
O “pequeno” detalhe é que as empresas multinacionais pensam mundo. Não pensam Portugal.
E as empresas nacionais pensam pouco …para além do pagar os salários no fim do mês. E o IVA, e a Segurança Social, etc.
E tirando os sectores empresariais politicamente organizados (que financiam os Partidos, que colocam os seus Homens nos aparelhos, que depois recebem encomendas do Estado, com ou sem concurso público, etc.) os restantes – que são a esmagadora maioria – andam à deriva. Em termos individuais e mesmo em termos associativos.
Retomando o drama original do Artur. A globalização aconteceu e a “malta” ainda não deu por isso. Ou melhor, já lhe está a sofrer os efeitos mas pensa que a causa é outra.
Dou-vos só dois exemplos para reflexão:
A Quimonda (a “nossa” maior exportadora) fechou … porque na China produz-se produto igual quatro vezes mais barato.

Na minha empresa, a minha equipa de Research (licenciados em Psicologia, Sociologia ou Gestão de RH) ganha hoje metade daqueles que eu tinha antes do 11 de Setembro. E produz (produtividade + qualidade) mais do dobro do que a equipa anterior. Por isso a Empresa continua … apesar dos níveis inferiores de facturação, comparando com antes de 2001. E não tenho a mínima dúvida que actualmente damos um serviço de muito maior qualidade … entregamos muito mais valor aos nossos clientes… e recebemos menos.
Por muito que nos custe, este é o mundo em que vivemos. Temos em cada momento que encontrar novas respostas, novas soluções, produzir e entregar mais valor com (cada vez) menos recursos.
Com um abraço do
Carlos de Melo Heitor
Managing Partner


Olá, Tomé!

Li o teu artigo/comentário e estou totalmente de acordo. Se está a dar polémica, é porque as pessoas não gostam de ser confrontadas com a verdade, senão não se entende...
No caso particular dos publicitários, estes gostam de viver à sombra de um glamour passado da profissão e têm uma vergonha tremenda em assumir a situação actual: estagiam anos se for preciso sem serem pagos e predispõem-se a ganhar ordenados miseráveis só para dizer que trabalham numa agência, de preferência de nome sonante e instalações vistosas. Portanto, os publicitários geraram a pior campanha destinada a si próprios (publicidade enganosa, se me permites) que veicula que trabalhar na publicidade e na comunicação é cool, é fixe, mesmo que se ganhe somente o subsídio de transporte.
Há umas semanas falei com um amigo brasileiro, director de arte numa agência em São Paulo, que me dizia que a agência dele tinha recusado "estágio" a dois jovens criativos premiados em Cannes e que esta dupla não estava a conseguir arranjar colocação - não obstante o prémio.
Penso que os publicitários foram vítimas do seu próprio sucesso e tornaram-se, eles próprios, os enganados.
Voilà!

Patrícia Madeira, copywriter


Interessante também foi a polémica que se criou entre CA ( só identificado pelas iniciais, a pedido do próprio) gestor de uma empresa de marketing e João Santos Almeida, director criativo de uma agência de publicidade em Omã.

Leia outros textos polémicos enviados ao Artur Tomé em resposta ao seu desafio, AQUI


88 - Que é que aconteceu à publicidade?

Quem procurar emprego no site Carga de Trabalhos encontra montes de ofertas de estágio para gráficos com conhecimentos de web design ou dos principais programas de criação gráfica. Os estágios são de seis meses e, em alguns casos, o empregador pagará transportes e /ou subsídio de refeição a partir do terceiro mês.
Um amigo que está como director criativo numa agência, cá, diz que paga menos aos criativos que trabalham com ele do que à baby sitter que toma conta da filha quatro horas por dia.
Outro amigo, também director criativo, mas numa agência lá fora, diz que, pelo que vê do nosso mercado quando cá vem de férias, conclui que, se vivesse aqui, estava a trabalhar nas obras.
Dêem-lhe as voltas que derem, por muito que falem em crise ou nas possibilidades das novas tecnologias, nenhuma indústria pode vingar de forma minimamente profissional num ambiente destes. Pulverizada por milhentas chafaricas , com profissionais a ganhar menos do que um operador de call-center.
A publicidade ( no sentido lato do termo, incluindo marketing directo ou relacional, web design, whatever...) precisa de uma estratégia global para as mensagens nos diferentes meios, precisa de estudos de mercado e sondagens prévias à sua execução. E isso não se compadece com níveis  miseráveis de remuneração dos trabalhos que propõe.
Gostaria de receber comentários de colegas a este desabafo. Desde já agradeço.


87 - Uma ideia que promete

Condomínio da Terra é um conceito novo, cheio de boas intenções. Se estou a soar paternalista, desculpem-me todos os envolvidos neste projecto. A literatura que o acompanha é poética e palavrosa, soa demasiado idealista...
Mas é um conceito fascinante.
O próximo forum internacional realiza-se em Gaia (subentenda-se Vila Nova de, mas o Gaia isolado tem outras conotações muito a propósito)
Gaia Commitment

Fórum Internacional do Condomínio da Terra
Gaia, Portugal, 4-5 de Julho 2009

O leitor poderá encontrar mais informação AQUI


86 - Ministério de Educação paga harmonização de hemisférios cerebrais e terapias interdimensionais

Os leitores que acompanharam  a minha anterior incarnação em Energias Livres sabem do meu interesse por terapias alternativas, teoria do corpo espelho e temas similares.
Só que, cada um desses temas deve ser estudado e praticado em locais próprios.
Nunca me passaria pela cabeça que o Ministério da Saúde subsidiasse cursos de Reiki - entre outros motivos porque não poderia fazer discriminação face às outras n teorias e práticas mais ou menos terapeuticas que se espalham como cogumelos.
Bom, há uns anos apareceu a teoria das Crianças Indigo, assim chamadas por a sua aura ser predominantemente de tal cor. Mediúnicas e mais inteligentes que as suas congéneres de gerações anteriores, esses novos X-Men têm sido ultrapassados por uma geração mais nova de crianças mais geniais ainda, as Crianças Cristal.
Bom, para resumir a história: o Ministério de Educação está a subsidiar um centro de formação infantil que se rege por tal visão do universo.
Se não leram a reportagem da i, podem visitar AQUI.
E anda a gente a pagar impostos para isto.


85 - Abaixo as redes sociais!

O meu hotmail anuncia-me que, do pessoal que consta dos meus contactos, o Artur G. aderiu à rede de um gajo qualquer e à rede de uma senhora que não conheço.
Já a Célia aderiu às redes de dois outros gajos que nunca vi mais gordos.
Trata-se de informação que não me interessa, não pedi, mas de que o Windows Live Hotmail considera seu dever manter-me informado.
Tenho mails do Facebook a anunciar que o pessoal Tal e Tal quer que eu participe da sua rede de amigos e do Twitter vêm-me  avisos de que há gajos que  me andam a seguir.
Vantagens de fazer parte de uma dessas redes sociais? O prazer de poder expor os nossos pensamentos mais inteligentes e divulgar os nossos gostos musicais e literários. Ver o que dizem e do que gostam os amigos dos amigos dos amigos. Fazer tests de personalidade que nos dizem que compositor, actor ou ferramenta nós somos, e dar a conhecer o resultado a essa espécie de praia de nudistas electrónica.
E todos esses gostos, personalidades, sugestões de leituras e visionamentos, assim liofilizados, pulverizados, promíscuos, acabam por ser a negação da comunicação e um sintoma de um isolamento galopante entre vizinhos.


84 -Neologismos da treta

Já tinha tropeçado nos "sobrancelhólogos", nome dado aos profissionais que tratam das sobrancelhas dos clientes nos gabinetes de estética.
E há aquele meu ódio de estimação do "externalizar", tradução manhosa do outsoursing. Antigo, antigo, era o visaulizar como sinónimo pimpão de observar.
São nelogismos que surgem em ramos de actividades que se querem dar ares de sapiência, ou em profissionais sem bagagem cultural que querem passar por académicos.
Ultimamente tais neologismos têm-se multiplicados como coelhos, mas sempre em áreas pseudo científicas ou em certos meios de terapias new age. (quando oiço falar em terapias quânticas, puxo da pistola...)
Vim a saber agora, a propósito do Dia Mundial sem Tabaco que se avizinha (fica para a semana) que existe um organismo chamado Sociedade Portuguesa de Tabacologia.
Tabacologia?
My God... ao que isto chegou.


83 - Portugal está feio

Foi uma semana para esquecer.
Se Portugal é só o que a televisão mostra, este país está a ficar feio.
Na área da Justiça, toda a gente processa toda a gente. Sócrates processa jornalistas, jornalistas processam Sócrates, os procuradores investigam-se uns aos outrso e os McCann processam Gonçalo Amaral.
Depois há as comemorações do 50º aniversário do Cristo-Rei. Um repórter que cobre um directo, mostra os milhares de pessoas que enchem praças e avenidas e fala no "primeiro dia das comemorações do cinquentenário", dando a entender que as comemorações estão para durar. As tais multidões não se juntaram para ir ao monumento mas sim para ver a imagem da Nossa Senhora de Fátima, que estende o 13 de Maio até à outra banda.
Quem queira escapar a tais cerimónias, agora que abrandou a mostra dos bairros problemáticos e a repitição ad nauseum dos distúrbios em Setúbal, tinha a opção do Festival da Eurovisão.
Para alegrar os ânimos, Cavaco deu em contar anedotas.
Raio de terra esta...


81 - Uma semana em cheio

Esta foi a semana em que a classe política portuguesa decidiu fazer algo prático para promover marcas e se lançou numa campanha publicitária de apoio à Farinha Maizena.
Foi também a semana do lançamento do i. Tal como a Coca-Cola de Pessoa, primeiro estranha-se, depois entranha-se. Parece o suplemento de um semanário, as notícias parecem artigos, o papel, as fotos e o grafismo têm um toque retro. É capaz de se tornar o meu jornal de referência.
Foi também a semana em que me voltei a apaixonar. Eu sei que já sou cota e pensava que, depois da Cate Blanchett, não teria olhos para outra mulher. Mas aquela lourade cabelos molhados, enrolada na toalha de banho, que se põe a dançar diante dos mirones dos vizinhos, voltou-me a fazer bater o coração mais rápido. Obrigado ao Sumol Light por a ter escolhido e parabéns à pequena que é um espectáculo de beleza e alegria.
Como diria o Batman no final do DK2 . " I was a romantic, back when I was old."


80 - No meu tempo não era assim

Como as coisas mudam em tão pouco tempo...
No meu tempo, os Correios tinham postos de atendimento ao público, onde distribuiam e recebiam encomendas e vendiam selos. Hoje têm lojas de papelaria onde também vendem livros do Paulo Coelho e de auto-ajuda.
No meu tempo, as pessoas para comunicar, conversavam pessoalmente. Quando tal não era possível, telefonavam-se ou escreviam-se. Hoje têm o e-mail, o messenger, o Facebook, o Twitter...
Jornalistas que procuravam um furo iam até ao Snob ou ao Procópio com os ouvidos bem abertos. Hoje têm de calcorrear blogues e sites de tudo e todos.
Mais chocante ainda: no meu tempo, quando se dizia "no meu tempo", referiamo-nos a algo com mais de 20 anos. Hoje, a minha filha, com 26 anos, tem um amigo 2 anos mais novo que, segundo ela, já é doutra geração.
A publicidade fica para a próxima.


79 - Uma mulher livre

Na semana que terminou com mais umas comemorações do 25 de Abril, voltei a ver na televisão, num programa em que a homenageavam, a mulher que sempre foi para mim um símbolo de pessoa livre.
Vi-a, pela primeira vez, no Coliseu, quando um tio meu me levou a ver uma revista. O espectáculo sabia a pecado, era para maiores de 18 anos e eu tinha 16. Mas, mais do que o voyeurismo de ver mulheres em bikini, o grande choque foi quando ela apareceu, descendo uma escadaria arrastando um longo vestido verde e a cantar "Esta Lisboa que eu amo." Uma grande senhora e uma grande voz. (Não, não havia microfones. Canções ou rábulas, as vozes tinham de chegar ao 2º balcão só com ajuda das cordas vocais de quem falava ou cantava.)
Não liguei muito à sua carreira de cantora festivaleira. Admirava era a sua atitude face à sociedade, assumindo os seus romances contra o escândalo da sociedade bem pensante, dizendo sempre o que pensava e maribando-se para o que os outros pensassem dela.
Depois, o desastre nacional quando as cordas vocais deram de si e a conversão, lenta e segura, à representação (fabulosa a velhinha gaiteira que cultivava marijuana em casa, que ela compõs num episódio de Liberdade 21.)
Na homenagem da semana passada, uma fadista nova apareceu a cantar-lhe o seu "Sol de Inverno". Ela levanta-se e acompanha a jovem em dueto. As cordas vocais renasceram, um show à antigamente.
Uma mulher em luta constante com as contrariedades da vida, que prova que a liberdade individual não tem nada a ver com o regime político em que se vive.
Uma grande senhora. Simone de Oliveira.


78 - O tempo não perdoa

 Nasci com o sindroma de Peter Pan e sempre me vi como um adolescente. Há dias fui ver Watchmen e passei as 3 horas do filme a identificar quais as linhas de diálogo que não estavam na bd original que li há vinte e tal anos.
Agora vem-me o Luis que, na semana passada, nas Fofocas, publica um dos seus anúncios do Paleolítico, este referente ao Negritas Gigante.
O copy é aqui do je, o art director foi o saudoso António Alfredo. O anúncio foi criado em vésperas do 25 de Abril, na agência Delta.
Já lá vão uns anitos.
Vários outros choques têm vindo, de vez em quando, a lembrar-me que o tempo passa. Desde o desaparecimento do Capitão Marvel, à magia infantil do Spirit ou do Homem Elástico, todos eles de vez em quando com tentativas de ressuscitação, mas sem a tal magia infantil do antigamente. O Capitão Marvel tinha como amigo um tigre falante e como grande adversário uma minhoca superdotada, estão a ver o género...
Agora é a Turma da Mónca que atingiu a adolescência. O Gastão toma banho e anda de skate, a Mónica é um borracho elegante, o Cebolinha tefve aulas de dicção e já não troca os esses pelos erres. Claroq ue o Chico Bento desapareceu do mapa...
Para juntar a tudo isso, eu, que durante 30 anos nunca fui ao médico, ando agora numa rotina periódica de exames e análises.
O tempo não perdoa.
Que se lixe. Perdoo eu.


77 - A crise chegou à Maizena

Durante anos e anos, em conversas com amigos que acusavam a publicidade de instigar o consumismo, sempre rebati que a publicidade vendia marcas, ou seja, perante um desejo específico de certos consumidores face a determinado objecto de consumo, e havendo várias marcas de produtos que satisfizessem tal desejo, a publicidade fazia os possíveis para que eles escolhessem a marca A em vez da B.
Há publicidade porque há concorrência.  A vertigem consumista é inata.
Como prova, argumentava que há consumismo em sociedades socialistas, sem publicidade. E no facto de a farinha Maizena, sem fazer publicidade, estar na despensa da maioria dos lares.
A Maizena não tem concorrência, não precisa de publicidade.
Esta semana os meus conceitos publicitários levaram o maior choque.
A Maizena começou a fazer publicidade na televisão!
Logo na mesma semana em que  o pai de Maddie MacCann volta ao local do crime para filmar um documentário! São choques a mais para uma alma só.
A Maizena continua sem concorrentes...ou não? Um dos filmes fala em bolos mais fofos usando 50% de farinha e 50% de Maizena. Há outro que desafia a fazermos bolos só com Maizena.
Posso tentar adivinhar qual foi o briefing?
Claro que a Maizena deve estar a vender menos. Estão-se a fazer menos bolos caseiros e, os que se fazem, levam menos ou nenhuma Maizena.
É nestes pormenores que se vê até onde a crise chegou.


76 - Em memória de Natasha Richardson

A morte de Natasha Richardson levou-me a rever o DVD "Com os cabelos em pé", título português horroroso para o filme "Blow Dry".
Nunca deixo de me espantar com o cinema inglês e a forma como realizadores e actores pegam num tema banal e fazem dele um filme admirável.
Neste caso temos um concurso internacional de cabeleireiros que tem lugar numa cidadezinha inglesa, onde um casal de cabeleireiros já ganhara prémios anteriormente. Só que o casal -Alan Rickman e a Natasha- estão agora separados devido a um triangulo amoroso com a modelo que com eles trabalhava - a lindíssima Rachel Griffiths, a irmã mais velha na serie Irmãos e irmâs.
E é aqui que os ingleses dão a volta ao texto - foi a mulher que foi viver com a modelo do casal. E está a morrer de cancro.
Um festival de actores que vale a pena não perder.
E, a propósito, um festival de criatividade e bom gosto nos penteados apresentados a concurso.


75 - Uma nova visão da vida

Nasci em lisboa, numa casa que tinha um quintal. Quatro vizinhos à volta também tinham quintais. Isso deu direito a uma infância passada entre coelhos, galinhas, árvores de fruto e o maior sortido de insectos que imaginar é possível. E criou-me um fascínio precoce pela biologia.
Uma coisa que desde cedo me intrigou foram as abelhas e a polinização. As flores têm a estrutura ideal para atrair os insectos, os insectos têm a estrutura ideal para sacar o polen quando vão buscar alimento.
Evolução? Pois, mas teria de ser uma evolução conjunta. Nem sempre houve flores, nem sempre houve insectos e, quando surgiram, formaram-se de forma a serem mutuamente úteis.
Mais tarde estudei embriologia. Temos o ovo, com toda a sua estrutura de ADN que determina a forma como o ovo vai construir o organismo adulto. Na espécie humana formam-se três camadas de células. Em duas delas vai-se formar o rim. Numa das camadas formam-se as centenas de pirâmides que vão filtrar o sangue, noutra das camadas formam-se as centenas de tubos uriníferos que vão recolher a urina das pirâmides... E tudo aquilo encaixa sem falhas.
Haveria um "ovo" original que estruturasse a formação simultânea das abelhas e flores?
Bom, houve um senhor chamado Weissman que surgiu com a teoria do plasma germinativo. A ideia, resumida e simplificada, é a seguinte - um ovo multiplica-se em células diferenciadas, todas com o mesmo código ADN, incluindo as células sexuais; qundo há fecundação, parte do plasma da célula progenitora continua viva no ovo que vai criar o novo ser. Há assim matéria viva que se propaga ao longo de gerações, imortal, a que Weissman chamou plasma germinativo.
Só que o homem estragou tudo ao usar o conceito para definir conceitos rácicos.
Parou cedo demais.
Vamos ao princípio de tudo. Seres unicelulares multiplicam-se por divisão. o seu plasma germinativo transmite-se integralmente aos seus descendentes. Uma amiba não morre. Multiplica-se.
Imaginemos a evolução da vida, desde as coisinhas minúsculas a nadar na papa primitiva até hoje.
Quantos plasmas germinativos há?
Um. Um ser vivo imortal, evoluindo e adaptando as mais variadas extensões às mais diversas condicionates do meio ambiente.
Se quiserem, a vida é um vírus cancerígeno, praticamente imortal, que converte matéria inorgânica em matéria orgânica.
Não sei se esta visão é cientificamente coerente. Mas que me tem dado uma maravilhosa visão de tudo o que me rodeia, lá isso tem.


74 - Evangelho segundo Steve Jobs

Um título que pode soar a chocarreiro, talvez uma defesa minha para esconder os sentimentos que esta apresentação despertou em mim.
Isabel Stilwell, editora do Destak, acaba de oferecer aos seus leitores a transcrição do mais comoventes discurso de formatura. Steve Jobs dá uma lição de vida, valiosíssima para todos os formados ou não.
Visitem este site e oiçam.
E uma boa semana para todos
http://video.google.com/googleplayer.swf?docid=-3827595897016378253&hl


73 - Sexo e a Igreja

Primeiro foi o debate sobre o casamento civil dos homossexuais que a Igreja abomina e nunca reconheceria.
Mas a Igreja também não reconhece o casamento civil dos heterossexuais. Um casal hetero, casado apenas pelo civil, vive em pecado segundo a Santa Madre Igreja.
Agora foi aquela história no Brasil. Uma jovem de 9 anos, em princípo de gravidez, foi submetida a um aborto por uma equipa médica, com aprovação da família.
A Igreja Católica Apostólica Romana condenou todos os intevenientes no processo à excomunhão.
Só uma pergunta - como é que uma instituição que acredita que uma mulher pode continuar virgem após o parto tem a lata de se assumir como autoridade em comportamentos sexuais?

PS Claro que o Luis Gaspar tem toda a liberdade de não publicar este texto.

Nota da redacção: Até pintava a minha cara de preto!


72 - A publicidade como radiografia da crise

Quando a situação económica começa a decair, o mesmo sucede com a publicidade que as empresas apresentam aos seus consumidores.
Sempre me interroguei se tal facto é uma consequência, um sintoma ou uma causa.
As estratégias de mercado começam a desatinar com toda a gente a procurar o máximo de resultados imediatos com o mínimo de custo. Começa a degradar-se a publicidade que se faz e os resultados financeiros dos anunciantes a médio prazo.
Vem isto a propósito de duas campanhas de empresas respeitáveis, que até agora sempre comunicaram com o consumidor através de publicidade digna e eficiente e que, de repente ... desatinam de forma idiota.
O  primeiro exemplo é o do Minipreço.O outro é o do Banco Espírito Santo.
Vem de longe a discussão sobre se é válido ou não produzir publicidade idiota e ridícula desde que ganhe share of mind junto do público. Um inquérito junto de vizinhos e pessoal de vários níveis socio-etários, tem resultados convergentes- a campanha do Minimize irrita quem por ela é impactado, embora sem afectar a intenção de compra dos clientes até agora fieis. Já a campanha do BES, com a mãe a dizer à filha que abriu uma conta poupança em nome dela, para depois se rir e dizer que estava a gozar, tira a quem a vê qualquer vontade de experimentar as vantagens do serviço.
Senhores marqueteiros, please! back to basics...
 O consumidor é a sua mulher (David ogilvy)


71 - A CRISE EM DOIS ANÚNCIOS

Compra-se o Expresso, procura-se o caderno principal para saber as noticias e apanha-se com uma campanha da Toyota. Capa, verso de capa, verso de contra-capa e contra-capa.
Querem ver que meteram algum jornal gratuito aqui dentro? Não, é mesmo o Expresso.
E quando o Expresso precisa de se vender desta forma, é que isto está mesmo mal.

Mas há mais grave.
O último Destak apresenta um anúncio de página inteira na qual o anunciante comunica 50% de desconto na compra de paineis solares. Só o programa Nós por Cá, da SIC, pegou no tema. Contactado o anunciante, ninguém sabia de nada sobre tal notícia. Informados pela SIC de que não se tratava de uma notícia mas de um anúncio daquela instituição, a voz do outro lado da linha foi-se informar. " A partir de 2 de Março, quem estiver interessado nesse desconto deve contactar os bancos"
Qualquer publicitário já tropeçou nesta sintomatologia várias vezes. Um patrão que tudo controla e não informa o pessoal das suas brilhantes ideias. Normalmente são empresas que não duram muito.
Só que, neste caso, o anunciante é o Ministério da Economia!


70 - Para os leitores de Energias Livres
 
Na semana passada fiquei encravado por não ter matéria para o post habitual. Queria escrever sobre o Freeporrt, mas o Sousa Tavares, no Expresso, já o tinha feito e muito melhor so que eu o faria. Com tanta trafulhice na banca, o julgamento de Fátima Felgueiras e, pior que tudo, os anúncios a peidos na televisão (não é ilegal? ninguém reage?), decidi virar para um tema antigo e transcrever dois mail que acabo de receber.
O primeiro é de Cecílio Regojo, com uma lista impressionante de cursos e workshops em Portugal e no estrangeiro sobre Constelações Organizacionais. Destaco:

1.  o Curso Intensivo de Constelações Organizacionais  em Carcavelos (21 a 26 de Fevereiro). Durante o curso, o dia 22 será reservado a um Workshop aberto ao público onde também pode participar: http://www.talentmanager.pt
  2. Também vou fazer este curso na República Dominicana (1 a 6 de Março) e em Madrid (17 a 22 de Março): http://www.talentmanager.pt
  3. 8º International Intensive Workshop on Systemic Resolutions na Alemanha (3 a 10 de Maio). Muito interessante com muitos e conhecidos formadores internacionais (essencialmente sobre Constelações Familiares): http://www.constellations-intensive.de/
  4. Coaching Sistémico e Constelações Organizacionais no Porto (9 a 14 de Junho). Será mais um curso intensivo organizado em parceria com a Mind Coach, que integrará várias ferramentas de utilização prática muito eficaz: http://www.talentmanager.pSeminários de Jikiden Reiki 
De Rogéria Cruz, notícia sobre mais um curso de Reiki. ( acho a inscrição carota, a propósito...)
Tadao Yamaguchi
de novo em Portugal

Lisboa, 12 a 17 de Fevereiro de 2009
O Jikiden Reiki é a única Escola de Reiki Japonês a transmitir, intactos, os ensinamentos de Chujiro Hayashi, isto é, quem o estuda na actualidade recebe o mesmo conhecimento que qualquer pessoa que tenha estudado directamente com Hayashi sensei a partir de 1928.
Hayashi deixou de exercer Medicina na Marinha para fundar a sua própria clínica de Reiki. Consequentemente, em 1928, ensinava o método, como é tradição no Japão, da maneira mais fiel aos ensinamentos que recebera do fundador do Usui Reiki Ryoho, Mikao Usui, que morrera apenas dois anos antes e formara 20 Mestres entre 1922 (satori) e 1926 (morte).  Chiyoko Yamaguchi, tal como a sua família e a do seu futuro marido, aprendeu Reiki directamente com Hayashi e praticou-o ao longo de 65 anos, isto é, até à sua morte (2003), sem nenhum constrangimento ou influências de contextos estranhos que a levassem a introduzir a mínima alteração no sistema que o Mestre lhe transmitira.
Tadao Yamaguchi, seu filho, assumiu como missão de vida propagar, intacto, o legado de Chujiro Hayashi que constitui hoje, no Japão e no mundo, o mais puro sistema de Reiki a que se pode aceder, intitulando o método que a mãe lhe transmitiu desde a infância "Jikiden Reiki" (Jikiden = ensino/transmissão directa) que vem ensinando no Japão, Europa e Estados Unidos.

Shoden: dias 12, 13 e 14 (manhã) – 250 Euros
Okuden: dias 14 (tarde), 15 e 16 – 450 Euros
Shihankaku (Professor-assistente): dia 17 - 900 Euros
Lugares limitados. Inscrição obrigatória de 100 euros aceite por ordem de chegada.
Organização -  Darshan Zen International

Praça José Fontana, 4- 1º (face ao Liceu Camões) -Tlfs: 96 65 190 65 / 21 314 9726
www.reikimix.com / www.darshanzen.com / http://www.reikidharma.com/
http://www.jikidenreiki.co.uk / http://www.jikiden-reiki.com/


CRÓNICAS Antigas
De 01 a 69 - AQUI