Estúdio Raposa


História 96
Gato escaldado

 

INDICATIVO

Vamos hoje ouvir uma história contada por Alexandre Parafita no seu livro, em dois volumes, “Antologia de Contos Populares”, edição Plátano

MÚSICA

Havia um rapaz que era criado em casa de um padre e andava muito incomodado pois o amo tratava melhor os gatos do que o tratava a ele. Quando chegava a hora das refeições, o criado tinha de servir primeiro o padre, depois, com os restos deste, servia os gatos, e só no fim, do que sobrava, é que podia comer ele. Por isso muitas vezes ficava-lhe a água do caldo e pouco mais.
Até que um dia resolveu, às escondidas do amo, e sempre que ia dar de comer aos gatos, fazer o sinal da cruz com a mão, e atirar com água a ferver por cima deles, ao mesmo tempo que dizia:
- Em nome de Jesus, comei!
Está bem de ver que os gatos, com o lombo escaldado, desatavam logo a fugir, e já não comiam. O criado fez isto uma vez, fez duas, três ... e por aí adiante. Às tantas, os gatos andavam muito magrinhos. O padre, ao reparar no aspecto dos gatos, perguntou ao criado:
- Olha lá, tu dás de comer aos gatos? Não me parece!. ..
- Dou sim, senhor padre. O que se passa aqui é que eles não são
gatos, são diabos! E, como o senhor bem sabe, os diabos não comem!
- O que estás para aí tu a dizer?
- Estou a dizer a verdade! E se o senhor padre não se finta, posso
até mostrar-lhe como estes gatos são diabos!
- Então mostra lá! - diz o padre.
O criado vai ao quarto do padre, onde tinha sempre uma caldeirinha de água benta, e trá-la com ele.
Depois pega em comida, vai ao pé dos gatos, faz o sinal da cruz com a mão e ao mesmo tempo atira-lhes a água benta, e diz:
- Em nome de Jesus, comei!
E, na verdade, os gatos pareciam mesmo o diabo. Mal sentiram a água, puseram-se logo a fazer "ffff- ffff" e desatam a correr como loucos pela casa fora. O padre nem queria acreditar. Diz então ele ao criado:
- Tens razão. Não quero voltar a vê-los cá em casa!
Foi o que o criado quis ouvir. Nunca mais teve de comer sobras dos gatos.

MÚSICA

Ouvimos uma história que tirei da obra de Alexandre Parafita, “Antologia de Contos Populares”. Até à próxima história

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