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Vamos hoje ouvir uma lenda muito antiga que nos conta as aventuras de uma senhora que se chamava D. Loba e da sua criada. O Santo António também aparece na história, para fazer um milagre.
SOBE
Há muito tempo atrás, viveu em Linhares, em certa casa que ainda hoje existe, uma senhora muito boa chamada D. Loba.
D. Loba era rica e vivia só, ou seja, vivia normalmente com uma criada. Tinha porém dificuldade em reter as mulheres ao seu serviço, pois como as deixava à vontade, em breve os abusos eram tantos e tais que se via obrigada a despedi-las.
Ora certa tarde, estando ela sem ninguém que a servisse há algum tempo já, bateu à porta da casa de Linhares uma rapariguita que procurava serviço. D. Loba exultou interiormente, mas, procurando não o deixar transparecer, conversou com a moça informando-se de todos os pormenores que achava necessários. E como tudo quanto ela disse foi muito a seu contento, tomou-a ao serviço. Em boa hora o fez, porque a rapariga mostrou-se logo muito trabalhadeira e ajeitou-se com facilidade surpreendente ao modo de D. Loba.
Na aparência, tudo corria às mil maravilhas, se bem que na' realidade a alma e o corpo de D. Loba corressem um perigo desmesurado. Santo António, porém, velava e por isso no dia em que ela caiu à cama doente apareceu no povoado, sem que ningué soubesse quem ele era, no momento exacto em que a rapariga saía a buscar um padre que confessasse a patroa. Estava a criada do lado de dentro, já com a mão na porta, quando o frade bateu à aldrava.
Perguntou D. Loba à moça quem batia, ao que ela respondeu que era um frade. Mandou, então, que entrasse, pediu-lhe que a confessasse e, ante o seu espanto, o homem respondeu-lhe:
- Antes disso, Dona Loba, mande a sua criada embora.
- Isso não faço eu, bom frade, que é a melhor criada que tenho tido!
- Pois então, venha cinza ou farinha - pediu o monge.
Veio cinza do borralho e o frade espalhou-a no chão, ordenando à criada:
- Passa por ali!
- Não passo! - disse a criada.
O santo olhou fixamente a rapariga e esta, sem mais palavra, passou sobre a cinza. Qual não foi a admiração e o espanto de D. Loba quando, olhando as marcas deixadas pelos pés da criada, em vez de ver a pegada dos sapatos viu a forma do pé de cabra do Diabo.
- T'arrenego, di anho ! - gritou D. Loba, persignando-se.
O santo fez também o sinal-da-cruz, e a criada, elevando-se no ar, foi rebentar com grande estrondo no quintal, ao pé de uma figueira. No momento em que desapareceu para sempre, gritou «APRE», e esta palavra ficou gravada numa pedra da calçada.
Curou-se então D. Loba, e a partir desse dia, antes de meter criada, mandava o padre benzer a rapariga, não fosse o Diabo tecê-las outra vez!
Em memória desta história, ainda hoje, em Linhares, na casa que dizem ter sido de D. Loba, há um nicho com uma pequena imagem de Santo António, em agradecimento por este milagre.
SOBE
Ouvimos uma lenda de Linhares que nos conta como o Santo António livrou a D. Loba de um grande...sarilho.
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