Histórias da Publicidade 4  

 
Sabem quem foi o Infante D. Henrique? Não!? E o Viriato? Também não!?

Pois eu digo vos: o primeiro "é o tipo que mandou construir os Jerónimos" e o segundo "é o gajo que correu com os espanhóis daqui p'ra fora" (em 1640, presumo!?)

Garanto vos que não retirei estas duas brilhantes alocuções desse hilariante escrito A História de Portugal em Disparates, uma compilação do Prof. Mascarenhas Gaivão, editado pela Europa América. (A propósito, se não leram, façam no, e rebolem de riso publicidade gratuita!)

Pois quem assim falava era... um publicitário!!!!!!

Proprietário "em regime de adquiridos" com a consorte, geria uma Agência que, em tempos, teve fama e proveito (não insistam que não há nomes para ninguém. .. ) Contudo, estão ai colegas e ex colegas que, pela descrição, sabem a quem me refiro.

Era um generalista, como ele dizia. Sabia de tudo um pouco na área da publicidade. Por exemplo, nas artes gráficas "...a primeira cor a imprimir é o branco..." ou, na maquetização "... o crayon definia melhor a cor da tinta...", bem como no "copy" era fundamental "... ter muito cuidado com a virgulação..." e last but not the least, ao produzir se um filme era necessária uma particular atenção ao "béque shot"...

(Curiosamente ouvi muitas vezes a mesma expressão até da boca de conhecidos homens da realização).

O nosso herói de hoje era um tipo bem "apessoado". Com efeito, detinha um majestoso metro e 56 de altura, e um peso na razão inversa dos centimetros: 65 quilos.

A sua formação académica não ultrapassava a quarta classe do antigamente; e como de leituras só se Ihe conheciam os jornais desportivos, dá para ter o quadro mais ou menos pintado da respectiva bagagem cultural.

Quanto a vocabulário, está bem de ver, era escasso e truncado. Senão, vejamos: se determinado indivíduo usava capachinho, para ele era usar "capuchinho"; se por acaso alguém estava desconcentrado, valia do nosso homem o apodo de "desconcentrante"; e quando o clube do seu coração marcava um golo de encher o olho, tratava se de um "ganda gole".. No que respeita a conhecimento de línguas estrangeiras, nem vos digo...

Reunião com clientes estrangeiros (e havia alguns) implicava que um dos presentes fizesse a "legendagem". Porém, como a fluidez da conversa nem sempre proporcionava uma tradução simultânea, ali estava ele, sorriso escancarado, sem perceber patavina, com o seu 'Yes, Yes!' a propósito de tudo e de nada.

Houve até uma vez que o cllente, inglês de Manchester, perguntou curioso: "Who is he...???" Alguém respondeu arvorando o ar mais mais natural, "He's the boss..." logo seguido de um "Yes, Yes!!!!". Não totalmente convencido, o cliente juntou outra pergunta, intrigado, "Is he dummy???", 'Yes, Yes!!!' foi a resposta atempada do visado sem dar tempo a mais nada.

Também não era dado a grandes viagens (a mais longa que se sabia fora Lisboa/Porto/Lisboa).

Uma vez, porém, a insistência familiar prevaleceu e lá foi em romagem à Praça de S. Pedro, a ver o Papa.

Dai para a frente, ganhou foros de viajado. E dizia, sempre muito orgulhoso do feito, "...que já tinha ido a Roma mas nunca tinha estado em itália..."

Tinha, em contrapartida, gostos megalómanos: iniciou a construção do seu "chalete" à imagem e semelhança de um Palácio de Versailles e acabou por construir uma vivendinha maneirosa; conduzia apenas Alfas e BMWs, e quem seguisse num carro atrás, diria que a máquina circulava sem condutor só para citar dois exemplos.

E adorava charutos. Oh! Como gostava. Não porque fosse amante da arte de bem fumar um "puro". Não! Era pelo "status". Charutos grandes e grossos. De modo que numa convenção, num "cocktail", fosse onde fosse que houvesse uma manifestação social, era só procurar o homenzinho pendurado na ponta de um "havano" que, em regra, media um terço da sua estatura.

Dizia, como filosofia de vida, que "é preciso a gente mostrar se para sermos reconhecidos". E, então, não falhava uma: convite que viesse para fosse qual fosse o acto, era desde logo aceite.

Então juntava se ao grupinho dos "patrões", ar importante, sempre com o charuto numa mão e um copo na outra, bamboleando o corpo numa atitude de pessoa entendida.

Era certo e sabido que ao fim de dois ou três copos, já o rosto se Ihe afogueava de vermelhidão, os olhos ficavam húmídos e a língua se soltava em incontáveis e inenarráveis dislates.

Os que já o conheciam levavam outros a serem apresentados a tão ilustre figura, que não cabia em si de vaidade por tais distinções.

Puxava se então para as anedotas mais recentes e o nosso artista, lá tinha que contar a sua favorita, aquela do "Carlinhos que virando se para a professora, Ihe disse, para grande indignação dela, que todos os dias, por volta das sete, tinha a sua hora sexual: é que é a hora a que o meu pai chega a casa, e como não fiz os trabalhos da escola, põe se a foder me o juizo"... E ria, ria alarvemente, com a sua piada.

Até que chegava o momento da descrição das grandes viagens, dos que tinham estado em New York, em Singapura ou em Tóqulo, em Londres, em Paris... E aquela alminha sempre na dele, Roma é que era bom: "O quê, não conhece??? Não sabe o que perde! Eu por acaso já tinha estado em Roma mas nunca tinha ido a Itália..."

Nesta altura, havia sempre alguém que a pretexto de uma súbita necessidade, se retirava para um canto para gargalhar mais àvontade. Outros olhavam para o tecto numa clara manifestação de quem não tinha nada a ver com aqullo; e outros ainda, apanhados desprevenidos, passados os primeiros momentos de estupefação, continham o riso como podiam.

Creio mesmo que se vivessemos na era do Império Romano, qualquer César Augusto não teria dúvidas em Ihe atribuir o título, entre todos honorífico, de Amiram Popolum Romani, tal o seu empenhamento.

Gostava imenso de música. Não pensem que era de uma música qualquer. Isso de pianos e violinos "eram mariquices". Música, música, era a do acordeão. Isso é que era música! E coleccionava tudo que tivesse acordeão: desde o vira do Minho, passando pela canção francesa, até ao "bandolino" argentino.

Gostava tanto que até se meteu a aprender a tocar o acordeão. Mas teve de deixar porque o peso do instrumento não era compatível com o tamanho dele e ficavam lhe umas dores no fundo das costas... que ele receava pudéssem ser"calos renais", devido ao esforço.

Aliás, era um pouco hipocondríaco, e até uma ligeira dor de cabeça, consequência de alguns copos da véspera, davam azo a "uma ganda encaqueca.."

Uma bela manhã, telefonou aflito. Não iria trabalhar porque estava com um problema: "É grave?" perguntaram do escritório. Que não, que o problema não era bem com ele.

A minha filha mais velha já está "mensuada" que é que achas que devo fazer???

Bom! Responderam lhe, o mais sensato seria deixares o assunto com a mãe...

T'ás maluco! Atalhou logo ele, A minha mulher percebe alguma coisa disso!?

Posto isto e nada mais havendo a acrescentar...!!! Para abreviar a história que já vai longa...

Aquela "young, creative and exciting agency" no dizer do cliente Inglês, tinha em mãos a produção de uma série de trabalhos, entre eles alguns filmes. Ainda sofrendo da problemática da temática do pós 25 de Abril, a liquidez não abundava. Porém, havendo bons e muitos trabalhos sólidos para concretizar, elaborou se um projecto e pediu se dinheiro emprestado ao Banco.

Para isso marcou se almoço "de estado" em restaurante de 6 estrelas, ao qual estariam presentes Gerente, Sub Gerente e seus auxiliares, por parte do Banco, e o pessoal senior mais qualificado, por parte da Agência.

Nessa manhã, contudo, o nosso artista tinha ainda uma reunião com um cllente. Chegou atrazado e esbaforido ao restaurante e, ainda antes de cumprimentar os presentes, desencadeou este ror de preciosidades: "É pá, vocês desculpem, mas eu estou eufórico... (e para acentuar bem o seu estado de espírito repetia vezes sem conta, entre dentes): "Estou eufórico, pá, estou eufórico...!!!"

Uau!!! Saiu lhe a sorte grande, pensámos...Mas não, não podia ser isso, porque o semblante denotava irritasão... Entao, que diabo!!!???

É pá... saio duma porra de uma reunião que correu mal com'ó caraças...Aquele cliente, porra, é infalível... venho a controlar o Marquês e uma merda dum Fiat enfia se pelo cú adentro do meu carro que ficou espatifado e o outro não sofreu nada... Tive que vir de Táxi e ainda por cima nem tinha dinheiro... etc. etc. etc.

Passo a explicar, traduzir em linguagem corrente:

Primo: não se esqueçam que naquela época não havia ainda disponível o dinheiro de plástico nem se falava em Multibanco; Secondo: um cliente "infalivel" quer dizer inflexivel; Terzo: "controlar o Marquês" significa contornar a rotunda do Marquês de Pombal; quanto ao seu estado de "euforia"...Bom, proponho que descubram um antónimo, forte e feio como o pau de marmeleiro, que melhor defina aquelas situações em que nos sentimos... tal e mal pagos!!!!

É que, ainda por cima, ao sair já tarde do tal cllente, a chave não entrava na fechadura da porta do BMW, nem para cima nem para baixo; nem abanando nem sacudindo, até que, possesso, atirou um potente pontapé à porta, que Ihe valeu, acto contínuo, um valente estalo na cara...

Qu'é qu'é essa merda de tar a dar pontapés no meu carro???

Gesticulava um furibundo comerciante local que havia assistido à cena e logo havia acorrido.

Em suma, o carro do nosso herói, igualzinho àquele, estava estacionado sim, mas uns metros mais abaixo.

Por aqui me fico, prometendo, embora, que voltarei com mais histórias deste (e doutros) figurões que fui encontrando ao longo da minha carreira na publicidade.

E parafraseando o "latinista" ilustre da nossa história de hoje, "auguentem"! !!

Guilherme Nogueira Setembro de 98

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A propósito de tipos nervosos e de bonitas jovens Product Managers, ocorreu me mais esta história, desta vez protagonizada por um criativo (regozijem os "accounts").
A jovem era de facto muito bonita. Alta, dona de uma sorriso desarmante, senhora de uma voz macia e quente e de uns olhos azuis limpidos e serenos.
Tinha tudo para fazer "babar" os rapazes da Agência e, por certo, não só os da Agência.
Dia em que houvesse reunião com a sua presença , era dia de festa.
Era um alvoroço. Cada um mais aperalvilhado que o outro não fosse o acaso proporcionar um encontro, ainda que fortuíto, no "hall" de entrada, nas escadas, enfim...
Os nomeados para essas reuniões apetecíveis, com "bilhete de ingresso" garantido, arvoravam uma vaga expressão de superioridade própria dos eleitos; as raparigas da Agência, despeitadas com justa causa por tanta excitação provocada pela "invasora" do seu território, não se coibiam de lançar para o ar o seu altivo desdem "pelos parvalhões que não podem ver umas saias..."
E era um corropio : de súbito, toda a Agência ganhava uma nova vida. E o tráfego nos corredores quase congestionava com mais novos e mais velhos a circularem, feitos baratas tontas, com papéis na mão, na mira de uma fugaz visão da sua Musa.
Claro que havia sempre uma emergência que permitia a entrada na sala de reuniões... Claro que a protagonista percebia e não se eximia a lançar um sorriso desarmante aqui, um olhar mais fixo ali, tudo, embora, na melhor das intenções. Enfim, "coqueterie oblige".
Um dos mais fervorosos apaixonados, por acaso a trabalhar os produtos directamente ligados à jovem PM, tinha por ela a discreta admirasão dos amantes platónicos e, de certa maneira, era correspondido.
Rapaz amável, bem formado, senhor de um notável sentido de humor tinha, contudo, a delicadeza e a correcção de nunca manifestar o que Ihe ia na alma junto dos colegas.
Até que um dia, os "topo de gama" da Agência foram expressamente convidados para o "cocktail" de apresentasão do novo Director Geral da grande Empresa que decorreria num dos luxuosos hoteis da cidade.
Ao nosso "pinga amor" não caberia estar presente à recepção, dada a posição que ocupava na hierarquia.
Porém, uma manhã, chegou lhe por mão própria um envelope a si dirigido contendo o mágico convite e um cartãozinho gentil no qual ela "fazia questão da sua presença no acontecimento..."
Eu acho que o Sol nesse dia brilhou com mais intensidade.
E até ao dia entre todos desejado, nunca mais daquele estirador saiu um risco direito. E o relógio que não andava. E a hora que nunca mais chegava...
Foi dos primeiros a comparecer. Vestido a rigor, casaco "bordeaux, camisa branca e pasme se "papillon", calça preta, sapato de veniz... Um brinco!
Alguns colegas presentes, talvez sofrendo da dor de cotovelo, afirmaram que o melhor para ele disfarsar o evidente nervosismo seria beber uns copos ele que raramente bebia mais que uma cerveja ocasional.
E tanto insistiram que lá o convenceram a beber um "whisky".
Uma voz de bom senso segredou lhe ao ouvido que não bebesse sem comer, e que andasse com o copo sempre na mão a fingir que bebia.
A bulímia nervosa tem destas coisas. Seguiu o conselho mais ou menos à letra, e petiscando um pastel, saboreando umas tapas, ia enchendo o estômago, mas, estupidamente, também ia bebendo...
Por fim, ela deu entrada na sala. Linda no seu magnífico vestido de cocktail.E os olhos dele não mais se despegaram da sua figura enquanto, circulando pela sala, ela distribuia cumprimentos de ocasião.
Finalmente frente a frente, (contou me ele, mais tarde) nesse momento mágico, deixou de sentir o que estava à sua volta, como se uma redoma invisível o rodeasse e afastasse do real. Tinha a ideia de que a aproximação dela se fazia em câmara lenta.
E no paroxismo nervoso que se seguiu, ao começar a curvar se para a cumprimentar, veio lhe um vómito à boca e, sem se poder conter, verteu tudo o que comera e bebera sobre o lindissimo vestido da sua amada.
Doente nos dias que se seguiram, envergonhado e sem ânimo, decidiu partir para trabalhar em Inglaterra. Soube que regressou há pouco tempo a Lisboa.
Moral da história: jovem amigo leitor, se a tua relação com o alcool não é a mais saudável, já sabes, se te apaixonares... não bebas!

Guilherme Nogueira Setembro de 98

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Por certo já vos aconteceu terem deparado ao longo da vossa vida profissional com os chamados "pára quedistas". Aquela espécie humana dificil de definir no tipo e no género.
A história que hoje vos quero contar tem por protagonista um desses.
E foi contratado à experiência como "Account"... (Não se riam os criativos que a sua vez está a chegar...)
Tinha estampadas no rosto as características típicas do ansioso: olhos muito abertos, em constante moviment; muito nervoso nos actos e nos gestos, brusco até. De certo modo, cada movimento que ele fazia lembrava uma sequência de 25 frames a que faltava um.
Falava muito depressa e, por vezes, até, atabalhoadamente. Curiosamente, quando estava mais calmo talvez por efeito de algum sedativo gaguejava de uma forma descontraída mas ao mesmo tempo aflitiva. É que na sequência normal do seu discurso acontecia encalhar numa determinada palavra, numa só, em cada vinte... Tudo devidamente sublinhado com valentes piscadelas dos olhos. E era o cabo dos trabalhos! Imaginem a angústia dos presentes, suspensos do infinito momento em que ele ultrapassaria o impasse. Fazer o quê? Talvez uma palmada nas costas, um copo de água, bater na mesa...
Ficava depois a expectativa de saber em que novo momento da conversa ele voltaria a encalhar.
Era, contudo, um tipo extremamente correcto e amável, quase "naif".
Alto e magro, andava, ou melhor, avançava, sempre em grande velocidade.
Imaginem a maneira de andar do "Charlot"... Agora acelerem esse movimento para o dobro da velocidade... Acrescentem a ondulação própria das grandes algas fixas no fundo do mar dansando ao sabor da corrente, e aí tem o nosso homem.
Quando vinha pelo corredor à sua velocidade habitual, fazia uma autêntica derrapagem ao virar para a sala dos criativos, e só travava, de chofre, 4 ou 5 metros mais à frente, junto à secretária do seu visado.
É pá, malta!!! "Ganda" bronca... tenho aqui um "spot" urgentíssimo pá, urgentérrimo... Pá, malta, palavra: é muito, muito urgente...
Tudo isto acompanhado de um dos seus gestos muito característicos. A saber: Empinava a barriga e dava um valente puxão às calças na zona da cintura... com os pulsos!
OK! Dizia então o Director Criativo, já habituado a tais "urgencias urgentérrimas"
Urgente, para quando? Hoje, não há nada p'ra ninguém, amanhã idem, talvez depois de amanhã. Serve?
Excelente, pá! Depois de amanhã é optimo...
E assim se levavam as coisas.
Mas o pior defeito deste figurão era o hábito horroroso de cuspir constantemente para um lenço branco. Nunca se Ihe viu lenço de outra cor que não branco o que não pressupõe, obviamente, que fosse sempre o mesmo.
E cuspia constantemente, à razão de uma cuspidela por minuto. Não julguem que o fazia discretamente. Não! Fazia o garganteio típico até ao "spitting off", sempre no seu lenço branco, indiferente ao lugar onde o fazia e a quem assistia.
Até que, numa reunião mais ou menos informal com um dos clientes (uma poderosa empresa de produtos de higiene doméstica) representado por uma Assistant to Product Manager, uma muito bonita e simpática jovem, esta, delicadamente, atreveu se a pôr lhe a questão:
O Senhor não acha que talvez precise de um apoio médico especializado que o ajude a resolver esse seu problema...???
A resposta veio, pronta e educada:
Não, não minha Senhora. É que eu sofro de um problema congénito de excesso de hormonas...
Falava a sério!
Nao me perguntem como foi possível contratar esta "avis rara" para o serviço de contacto. Se bem me recordo, a sua prestacão não durou mais de quinze dias ou nem tanto.
Mas, também, levem em conta que, naquela altura, o "déficit" de pessoal com experiencia q.b. não abundava...

(Guilherme Nogueira Setembro de 98)

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Tratava se de uma reunião com relevante interesse.

O cliente era, na altura, uma empresa em franco desenvolvimento na área da comercialização de produtos de informática hoje, aliás, uma das mais importantes em actividade no País.

A Agência tinha sido apresentado um "briefing" completo, que ela traduziu numa bem elaborada campanha publicitária.

Na sala de reuniões, para além de três ou quatro membros decisivos por parte do cliente, a Agência apresentava o seu Director Geral, o Director Criativo, o Director de Meios, o Director de Contacto, o "Account" designado, e um jovem estagiário que, nesse dia, "tomava a altemativa".

Discutida a campanha nas suas várias vertentes e analisado o plano de meios, apenas ficava em aberto um pequeno senão, para o qual, a Agência, sem culpa própria, não tinha encontrado solução.

Era convicção do cliente que uma boa forma de melhor promover os seus produtos, seria patrocinar um programa de Rádio num horário que atingisse o seu "target".

O problema, porém, é que, pese embora toda a boa vontade da Agência, tal não tinha sido possível. Até porque, na altura (princípio da década de 80) para além da RDP, que estatutariamente não aceitava publicidade, as duas únicas estações com expressão verdadeiramente nacional, eram a Rádio Comercial e a Rádio Renascença a abertura a todas as outras rádios só viria a acontecer, mais ou menos, dez anos depois.

E de nada serviram as "démarches" e/ou as vulgarmente chamadas "cunhas". Os patrocínios estavam todos contratados para os programas com maior interesse e a única soluçao era aguardar por uma vaga de fim de contrato.

Situação deveras incontornável. Mas, perante a insistência e a vontade do cliente, ali se fizeram mais um sem números de telefonemas em directo, na vaga esperança de uma hipotética desistência de última hora, ou de uma luz de esperança no fundo do túnel.

Em vão, para grande desilusão de todos os presentes Os melhores programas continuavam tomados por mais uns tempos.

E então, por entre os "ses" e os "talvez" que se arrastavam já desconsoladamente pelo fim da tarde, eis que surge um lampejo radioso no rosto do jovem estagiário:

Já sei! Exclamou ele impante de orgulho . Era o óbvio que passara ao lado dos mais velhos e experientes. Já sei! Patrocinamos a Missa do Terço das seis horas na Renascença

Se não acreditam, posso apresentar vos uma lista das testemunhas presentes.

Guilherme Nogueira Setembro de 1998

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A Agência tinha sido convocada (seleccionada?) para apresentar a sua candidatura à realização de uma campanha publicitária para o relançamento de um óleo de soja alimentar.
Encontro aprazado para o Porto, na presença de todo o Conselho de Administração.
Como é de uso, nestes casos, os representantes da Agência muniram se de
todo o material ilustrativo das suas qualificações, e designaram 4 (quatro)
elementos seus para a apresentação da candidatura (Director Geral, Director
Criativo, Director de Contas, Director de Media ordem dos cargos é
arbitrária, não haja melindres, pois).
Quinze pessoas na sala.: Já Ihe dei o meu cartão, não? Faz favor!
E, cartão para aqui, cartão para ali, ficaram os publicitários cientes de que tinham como interlocutores nada mais nada menos que 6 (seis) engenheiros, 2 (dois) juristas um dos quais professor universitário 2 (dois) economistas e 1 (um) sociólogo. Empresa poderosa (que de facto era) dirigida por gente com cultura acima da média.
Havia, pois, que redobrar o cuidado posto na forma e no modo de nos apresentarmos.
E foi um "show". Desde o "reel" com os trabalhos mais salientes da Agência até à sua disponibilidade total, tudo correu sobre...reels!!!
Saboreando já a inequívoca vitória que, sem dúvida, não nos escaparia, fez se um súbito silencio na sala. Ai, Ai!!!
Todos olhavam para o Presidente do CA, a quem cabia a última palavra.
Este, rapando tranquilamente dum charuto, cortou lhe, pensativamente, o topo, aqueceu o com o fósforo, soprou a ponta para ajudar à combustão.
Puxando uma longa fumaça, refastelou se no cadeirão.
Foram minutos que pareceram séculos. Ninguém tugiu, ninguém mexeu um papel, ninguém pigarreou, sequer.
Por fim, o Todo Poderoso, proferiu a sentença. E com um acentuado sotaque das gentes do Norte (que muito admiro e respeito) lansou nos nos esta pérola da retórica publicitária:
Tudo isso é muito bonito...Mas "boceses" ainda não me disseram quanto é que me "bai" custar a "bossa" propaganda para eu fazer um reclame...
O que é que "boceses" fariam?

Guilherme Nogueira Setembro de 1998

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Fernando Pessoa esteve ligado à actividade criativa no domínio da publicidade.
Foi colaborador de Mamnuel Martins da Hora, o fundador da primeira Agência de Publicidade portuguesa.
Um dos poucos exemplos que conhecemos da sua actividade na áres da publicidade é um texto de promoção das tintas Berry/Loid do qual se tranacreve o diálogo seguinte:
"Eu explico como foi (disse o homem triste que estava com uma cara alegre), eu explico como foi...
"Quando tenho um automóvel, limpo o. Limpo o por diversas razões: para me divertir, para fazer exercício, para ele não ficar sujo.
"O ano passado comprei um carro muito azul. Também limpava esse carro. Mas cada vez que o limpava, ele teimava em se ir embora. O azul ia empalidecendo, e eu e a camurça é que ficávamos azuis. Não riam... R camurça ficava realmente azul: o meu carro ia passando para a camurça.
Afinal, pensei, não estou limpando este carro: estou o desfazendo.
"Antes de acabar um ano, o meu carro estava metal puro: não era um carro, era uma anemia. O azul tinha passado para a camurça. Mas eu não achava graça a essa transfusão de sangue azul.
"Vi que tinha que pintar o carro de novo. Foi então que decidi orientar me um pouco sobre esta questão dos esmalres. Um carro pode ser muito bonito, mas, se o esmalte com que está pintado tiver tendência para a emigração, o carro poderá servir, mas a pintura é que não serve. A pintura deve estar pegada, como o cabelo, e não sujeita a uma liberdade repentina, como um chinó. Ora o meu carro tinha um esmalte chinó, que saía quando se empurrava.

"Pensei eu: quem será o amigo mais apto a servir me de empenho para um esmalte respeitável?

Lembrei me que deveria ser o Bastos, lavadeira de automóveis com uma Caneças de duas portas nas Avenidas Novas. Ele passa a vida a esfregar automóveis, e deve portanto saber o que vale a pena esfregar.

"Procurei o e disse lhe: Bastos amigo, quero pintar o meu carro de gente. Quero pintá lo com um esmalre que fique lá, com um esmate fiel e indivorciável. Com que esmalte é que hei de pintar?
"Com Berry/Loid, respondeu o Bastos e só uma criatura muito ignorante é que tem a necessidade de me vir aqui maçar com uma pergunta a que responderia do mesmo modo o primeiro chauffeur que soubesse a diferença entre um automóvel e uma lata de sardinhas".

 Este texto foi me cedido pelo Guilherme Nogueira. Sei que ele chegou a possuir o texto manuscrito pelo próprio Fernando Pessoa. Depois, um dia, emprestou essa preciosidade a alguém...que não o devolveu. Pior, o Guilherme não se lembra a quem o emprestou!

Setembro de 98

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Vem esta a propósito de:

O Bruno Pinhal anda a cumprir o seu destino. Realizar publicidade. Para já "estreou se" com três filmes para o PS. Não são de publicidade? Ah, isso é que são! O Edson que o diga! E eu sei que ele não diz. Recordo me de um texto em que defendia que, no caso da propaganda política, é preciso "estar se de acordo". Pronto, 'tá bem!...

1980 foi um ano de muitas emoções: 3 campanhas eleitorais 3: autárquicas, legislativas, e presidênciais Soares Carneiro X Eanes e se bem se recordam, o propósito de Sá Carneiro era: "UM presidente, UM governo, UMA maioria".
Andava eu pela Panorâmica 35 (pouco, pelos vistos) mas nesse ano foram muitos os mesesde propaganda eleitoral e portanto de produção de spots e tempos de antena. A situação era engraçada porque eu funcionava para a APU e o João Rapazote cometia para a AD, o CDSe para a campanha do Soares Carneiro (mas só nos misturávamos nas campanhaspublicitárias). Lembram se como acabou esta última: a 4 de Dezembro, em função dassondagens desfavoráveis, as cúpulas da AD Sá Carneiro, Amaro da Costa e acompanhantes metem se num avião para estarem presentes no comício de encerramento no Porto e despenham se em Camarate. Grande (ao tamanho da época) cobertura mediática das exéquias: transmissão em directo pelas TVs (RTP1 e RTP2. O que seria se houvesse mais ?) e duas ou três equipas da Panorâmica35 a cobrir o evento. Kms de película, câmaras alugadas que não havia material em armazém para tanta fruta, operadores de luxo (não é Xico Graça ?).Enfim, uma produção á altura.
O meu entendimento com o João era exemplar. Tirando as alfinetadas de circunstância, bom humor e excelente camaradagem, nunca nos metemos na vida (ideológica) um do outro. Excepto uns tempos depois, quando tivémos a maior conversa acerca do assunto. Desabafando o desrespeito dos compromissos financeiros dos clientes dele, perguntou me se eu tinha o mesmo problema. Que não, disse eu, já que não cobrava os meus serviços nas campanhas eleitorais. Muito admirado, perguntou me como é que eu fazia. Respondi lhe que ganhava dinheiro a trabalhar para ele para poder dedicar me graciosamente á propaganda política. E que se ele transformasse a actividade político cinematográfica em militância, deixava de ter aqueles problemas de tesouraria.
Tal questão deu lhe que pensar. Acho que decidiu abandonar aquele tipo de produção. Era a outra hipótese a considerar.
Houve quem não ficasse vacinado. Durante meses, o António Manuel Alturas exibiu na parede da recepção da Quinta do Lagartos, onde funcionava antes de se mudar para a rua dos Prazeres, um cheque de um cliente de campanha eleitoral com um carimbo bem visível:
FALTA DE PROVISÃO. Se ele quiser que vos diga de quem era o cheque.
Já o Senhor Galveias Rodrigues não tinha o mesmo problema, já que se deslocava à porta da Telecine para receber os dirigentes dos partidos que lá produziam os seus tempos de antena, e que lhe pagavam as facturas em boa e devida forma, claro. E dizia alto e bom som que não queria outra vida, fossem eles quem fossem.

Zé Pedro Agosto 98

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Começava eu a dar os primeiros passos na produção de spots publicitários quando pessoa amiga, responsável por uma pequena agência, me pediu para fazer um para um GRANDE anunciante, que na altura tinha campanhas no ar 365 dias por ano. Ou quase. Havia era um problema: tinha quatro dias para entregar as cópias de emissão.

Eu era jóvem e verdinho e portanto resisti quanto pude mas acabei por aceder. Há que lembrar que não existia pós produção em video e tudo se fazia em filme 35mm, incluindo as sobrimpressões e demais trucagens. E cada vez que se imprimia película, tinha de se esperar pelo dia seguinte para ter material para seguir para a etapa seguinte: 1) cópia de montagem, 2) descarte do negativo, 3) impressão de contratipos, 4) (re)filmagem em truca (Olá Zé João, onde quer que estejas), 5) montagem do negativo final. Entretanto, gravação da banda sonora (na Nacional Filmes), impressão do negativo óptico e, depois da primeira cópia aprovada pelo cliente, tiragem das cópias de emissão. Bolas ! Fiquei cansado só de me lembrar disto tudo.

Tendo isto em conta, foi necessário pensar em rodar tudo, ou quase tudo em directo, para evitar etapas intermédias. Isto é, trucagens a haver, teriam de ser criadas no estúdio, incluindo o cartão final (pack shot) para não ter as idas e voltas à Tóbis ou à Ulisseia (já muito esquecida). Pintavam se as letragens num vidro e filmava se a cena final através dele ! O resultado não podia ser brilhante. Por muitas voltas que se lhe desse e muita imaginação que existisse, não havia maneira de evitar o "chouriço", como durante muitos anos chamámos aos spots impossíveis de realizar em condições mínimas. E o que se poupava em pós produção, gastava se a dobrar em artifícios no estúdio (telões de fundo, equipas monstruosas para não faltar nada, quilómetros de película para não falhar O shot, etc... É preciso lembrar também a quem não passou por esta fase (ainda os animais falavam e o Cavaco não sonhava governar) que os orçamentos só muito raramente ultrapassavam o milhão. E o anunciante em questão, "como dava muito dinheiro a ganhar às agências e à RTC", definia, à partida, quanto queria gastar na produção ! Jóia, não era ?

Bom, os spots faziam se e este também apareceu feito. Não queiram saber como. A vergonha era mais que muita quando chegou a hora de o mostrar ao senhor ..., bem, ainda hoje me lembro do nome do representante do cliente. Posso não me lembrar das feições, mas tenho bem presente a figura de metro e meio, o fatinho cinzento, a gravata discreta, o cabelo gominado, o bigode à Charlot, enfim, mesmo que não seja verdade, convém espalhar. De qualquer maneira desapareceu deste meio sem deixar rasto. Ou será que não ?

A ansiedade que sentia ao ir ao encontro dele, a culpabilidade por ter feito uma bosta de filme, enfim, o medo de que o spot não fosse aprovado, só diminuiram quando me foi dito para acalmar, porque "o filme estava aprovado á partida e não havia maneira de voltar atrás. O orçamento era de 700 contos e eu só ia receber 450. Para onde é que eu pensava que ia a diferença?"

Lembro me deste dia, mesmo que fosse já de noite, como do dia em que fiz o exame de admissão aos liceus, como do primeiro carro que guiei, como da primeira... bem, como tudo aquilo que não se esquece por muitos anos que se viva.

O anunciante em questão desapareceu dos espaços publicitários tradicionais. De qualquer maneira, voltei a trabalhar para ele, anos mais tarde, para outra agência, mas nessa altura ganhei uma campanha de seis meses por uma diferença de 50 contos. Lembras te, Isabel ?

Zé Pedro Andrade Santos Agosto de 98

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Ele há dias de azar...

Isto há dias em que o melhor seria não sair de casa. Ficar com os pés de molho (estamos num Verão quente que nem burro) e esquecer as gravações, os clientes, os criativo, os accounts e os produtores de rádio/tv!
Tudo boa gente, claro, mas pézinhos em água fresca...
Mas tinha mesmo uma gravação e lá vou eu para o Cantinho da Músiaca porque é preciso pagar a água fresca.
O primeiro drama do dia foi esta coisa esquisita que se chama "atravessar a ponte" Essa ponte! Para andar pouco mais de um quilómetro foram necessários 40 minutos de noticiários repetidos e informações (muitas) sobre as temperaturas de Bragança até Faro passando pelos Açores e Madeira. Sempre tive a impressão de que os locutores quando não têm mais nada para dizer...lêem as temperaturas. Ou então aquela do "hoje é segunda feira, dia 10 de Agosto de 1998 e você está a ouvir a..." Então o rigor do ano é demais! Para não falar da noticiarista que dizia que "...os estados alemões...". E não foi engano porque repetiu a graça no noticiário seguinte.
Bom, mas vamos ao que interessa. Apesar da demora em passar a ponte, cheguei a horas. Uma hora decente, dez da manhã. Todos os intervenientes chegaram a horas mas ficámos a olhar uns para os outros (para além, claro, de perguntarmos pelas férias de cada) porque o texto do "spot" que iríamos gravar não tinha chegado.Estava prometido que viria por fax mas nós sabemos como são os "faxes". Uma hora depois a pessoa que deveria enviar o texto chegou à Agência e sem mostrar qualquer preocupaão por ter gente à espera (e por pagar mais pelo estúdio, que cobra à hora) prometeu que iria mandar o texto "imediatamente". E lá chegou o papelinho. Só que quando o vimos verificámos que estava cheio de erros. As frases não estavam ligadas e não faziam sentido! Toca de entrar em contacto com o "fornecedor" do texto que diante dos nossos reparos disse perentoriamente: "O texto foi aprovado e é assim que tem de ser lido". Estava eu a preparar me para sair suavemente pela esquerda baixa (não leio textos com erros de português) quando reparei no cabeçalho. Não se tratava do texto de um "spot" de rádio mas do texto de um...CARTAZ!
Novo telefonema para pedir o papel certo que lá acabou por chegar já perto do meio dia! Pois julgam que a pessoa se penitenciou por ter sido tão presumida com o "é assim que tem de ser lido"? Nem pensar!
Pelo que mais uma vez se confirma a máxima de que "a ignorância é teimosa e arrogante"!
Ou será que toda esta história, em versão suave, não passa de uma consequência do pessoal da Agência ter ido de férias e deixado, apenas, uma equipa para as emergências?

Luís Gaspar Agosto de 98

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Quando a polícia é eficiente.

Se for gravar ao Facilidades tenha cuidado com o seu carro. Não deixe valores lá dentro . Mas se deixar, não se preocupe. A vizinhança e a PSP de Miraflores são de grande eficiência. Não acredita? Ouça esta história:

Estava eu a gravar quando recebi um telefonema da minha mulher a anunciar que o meu carro acabava de ser assaltado. Espantado porque a imaginava em Sesimbra, em casa, quis confirmar. Estava, de facto em casa.

"Mas como é que estando em Sesimbra sabes que o meu carro acaba de ser assaltado...em Linda a Velha?"

"Foi a polícia que telefonou. Estão junto do carro."

Corri para a rua e lá estavam dois simpáticos polícias à minha espera.

"Fomos avisados que o seu carro estava a ser assaltado, fizeram nos a descrição do ladrão e fomos apanhá lo ali adiante. É um pobre drogado! Os do grupo dele já morreram todos! Levámo lo para a Esquadra onde esperamos que vá apresentar a queixa. Roubou este telemóvel pelo qual entrámos em contacto com a sua senhora, e um saco com pastilhas que está na Esquadra."

As minhas pastilhas! Que comprara naquela manhã na farmácia ao lado da Chiquita . Convenci os polícias que não valia a pena fazer queixa nenhuma tanto mais que o ladrão era um pobre drogado. Ele, provavelmente em heroína e eu ...em pastilhas de limão. Vícios são vícios, não é? E quando me dispunha a deixar as pastilhas na Esquadra só para não ter o trabalho de me deslocar a Miraflores e ter de convercer mais polícias de que não queria apresentar queixa, fui informado que já vinha a caminho um carro da polícia...com as minhas pastilhas! De Miraflores a Linda a Velha para entregar à "vítima" o seu saco de pastilhas! Assim, enquanto gravava um filme Dodot fui assaltado, recuperei o telemóvel e as minhas pastilhas. E ainda há quem ponha em dúvida a eficiência da PSP!

P.S. Aqui para nós era eu que devia "ir de cana". Imaginem que deixei a janela do carro aberta!
Uma provocação a quem tem dificuldades financeiras!

Luis Gaspar

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