Eugénio de Castro
BIOGRAFIA
 

Eugénio de Castro e Almeida nasceu em Coimbra em 1869. Poeta e autor dramático, formado pela Faculdade de Letras de Coimbra, aí viria a desempenhar funções docentes e directivas. Foi ainda durante os estudos académicos, que fundou em 1889, com João Menezes e Francisco Bastos, a revista ?Os Insubmissos?, criada com o intuito deliberado de rivalizar com a revista académica ?Boémia Nova?, lançada por Alberto de Oliveira e António Nobre. Na polémica entre as duas publicações foram colocadas questões de versificação que, se não tiveram a ver directamente com o Simbolismo, contribuiriam para uma nova consciência da linguagem poética, que era o objectivo daquele movimento e foi nessa altura que foi publicado o volume poético "Oaristos" de Eugénio de Castro, em 1890, depois dos volumes de poesia "Canções de Abril", 1884; "Jesus de Nazaré", 1885; "Per Umbram", 1887; e "Horas Tristes", 1888.
Em "Oaristos", Eugénio de Castro acusaria os lugares comuns em que assentava a poesia sua contemporânea, quer ao nível de imagens, de rimas e de léxico, defendendo uma nova expressão poética, que, reclamando a "liberdade do ritmo", o processo estilístico da aliteração, as "rimas raras", os "raros vocábulos", e um estilo "decadente", se traduziria, neste, como em volumes posteriores, como "Horas", numa poética atenta ao valor sugestivo e musical do significante, alheia a qualquer compromisso com a realidade social e defensora de uma poética de "arte pela arte". Em 1895, Eugénio de Castro fundou a revista internacional "A Arte", que, anunciando a colaboração de autores como Paul Adam, Gabriele d'Anunzio, Maurice Barrès, Gustave Khan, Maeterlinck, Stéphane Mallarmé, Jean Moréas, Jules Renard, J. H. Rosny, ou Verlaine, pretendia constituir, ligando alguma poesia portuguesa (sobretudo a do autor) à poesia europeia, um elo no movimento simbolista internacional, com cujos representantes Eugénio de Castro mantinha, aliás, correspondência. A sua poesia, seja nesta primeira fase, onde a influência do simbolismo de matriz verlainiana era muito nítida, seja em fases posteriores, de refluxo neoclassicista ("A Fonte do Sátiro e Outros Poemas", "Camafeus Romanos", "A Mantilha de Medronhos", "Descendo a Encosta"), nunca se libertou do epíteto de esteticista e escolar, tendo sido no entanto, uma referência incontornável na análise do processo de libertação da linguagem poética que viria a culminar com o modernismo. No domínio da expressão dramática, peças como "Belkiss" inscreveram se numa compreensão do fenómeno teatral próxima do teatro simbolista de Maeterlinck, a que se seguiriam outros tentames, de pendor classicista, como "Constança".
Eugénio de Castro faleceu em Coimbra, em 1944.
Obras: "Cristalizações da Morte", 1884; "Canções de Abril", 1884; "Jesus de Nazaré", 1885; "Per Umbram", 1887; "Horas Tristes", 1888; "Oaristos", 1890; "Horas", 1891; "Silva", 1894; "Belkiss", 1894; "Interlúnio",1894; "Tirésias", 1895; "Sagramor", 1895; "Salomé e Outros Poemas", 1896; "A Nereide de Harlém", 1896; "O Rei Galaor", 1897; "Saudades do Céu",1899; "Constança", 1900; "Depois da Ceifa", 1901; "Poesias Escolhidas", 1902; "A Sombra do Quadrante", 1906; "O Anel de Polícrates", 1907; "A Fonte do Sátiro e Outros Poemas", 1908; "O Filho Pródigo", 1910; "O Cavaleiro das Mãos Irresistíveis", 1916; "Camafeus Romanos", 1921; "A Tentação de São Macário", 1922; "Canções desta Negra Vida", 1922; "Cravos de Papel", 1922; "A Mantilha de Medronhos", 1923; "A Caixinha das Cem Conchas", 1923; "Descendo a Encosta", 1924; "Chamas duma Candeia Velha", 1925; "Éclogas", 1929; "Últimos Versos", 1938; "Sonetos Escolhidos", 1946.