Charles Baudelaire
BIOGRAFIA
 

Charles Pierre Baudelaire nasceu em Paris, em 1821. Ficou órfão de pai aos 6 anos e aos 11 anos foi para o Colégio Real de Lyon. Aos 15 anos retornou a Paris e ingressou no colégio "Louis le Grand" onde obteve o segundo lugar no exame geral de fim de ano, além de ter conquistado o segundo prémio num concurso de versos latinos. Em 1839 foi expulso do colégio por se ter negado a mostrar um bilhete que lhe passara um colega. Apesar disso, no mesmo ano, diplomou se bacharel.
Datam dessa época os seus primeiros ensaios poéticos e a colaboração anónima no jornal satírico "Corsaire Satan". Em 1840, conflitos familiares levaram no a morar sozinho na pensão "Lévêque Bailly", onde conheceu os poetas Gustave le Vavasseur e Enerts Prarond, e iniciou um relacionamento com Sarah, uma judia prostituta.
O padrasto, preocupado com a vida libertina de Baudelaire, conseguiu convencê lo a viajar para o Oriente. Regressou a França em 1842. Ao atingir a maioridade, recebeu a herança do pai e foi viver para um apartamento na Ilha de Saint Louis onde iniciou um relacionamento com Jeanne Duva, figurante no teatro da Porte Saint Antoine e prostituta. Nesta altura, fez amizade com Nerval, Balzac, Gautier e Banville, frequentou o "Club des Hashishins" (um grupo de fumantes de haxixe que se reunia no Hotel Pimodan), onde passou a morar. Iniciou então uma vida de boémia que lhe foi sugando o património. Familiares seus pediram que fosse declarado incapaz pelo tribunal, o que o colocou sob a tutela de um curador, o tabelião Désiré Ancelle. Em 1845 publicou "Saison", publicou também em várias revistas os primeiros poemas que iria mais tarde incluir em "Les Fleurs du Mal". No mesmo ano tentou um suicídio frustrado que o reaproximou momentaneamente da família. Em 1846 publicou "Salon" onde criticava sem piedade Vernet e exaltava Delacroix. Em 1847, uma revista publicou "La Fanfarlo".
Iniciou uma relação turbulenta com a actriz de teatro Marie Daubru, tendo ficado ao lado dela até quando, velha e doente, não mais conseguiu levantar se da cama. Apaixonou se depois por Apollonia Sabatier, chamada de "La Presidente", animadora de um dos mais famosos salões artísticos da época.
Em 1856 assinou um contrato com a editora Poulet Malassis e De Broise, à qual o poeta vendeu os direitos de "Les Fleurs du Mal".
Em 1857 publicou uma série de 18 poesias. Mas 1857 foi o ano mais importante da produção literária de Baudelaire. No dia 25 de Junho foi publicado "Lês Fleurs du Mal" (com 52 poemas inéditos) que foi violentamente atacado por "Le Figaro".
A 7 de Julho, a Direcção da Segurança Pública, Órgão do Ministério do Interior, alertou os Tribunais sobre o delito de ultraje à moral pública cometido pelo autor de "As Flores do Mal". Dez dias depois, o Tribunal instaurou uma acção judicial contra Baudelaire e os seus editores, e ordenou a apreensão dos exemplares. No dia 11 do mesmo mês, o poeta escreveu para a Poulet Malassis pedindo lhe para esconder toda a edição.
A 20 de Agosto, após ouvir a acusação de Ernest Pinard (o mesmo que conduziu o libelo acusatório contra Madame Bovary) e a defesa de Chaix d'Est Ange, a 6.ª Vara Correccional condenou Baudelaire à multa de 300 francos, os seus editores à multa de 100 francos cada um e ordenou o expurgo de seis poemas, os chamados "Poemas condenados", incluídos na "Marginália" (1866) e depois definitivamente incorporados ao texto de "As Flores do Mal", como se vê a partir da primeira edição póstuma, de 1868.
O falecimento do padrasto favoreceu uma certa reaproximação com a mãe, tendo passado a visitá la e a escrever lhe cartas carinhosas ou desesperadas.
A saúde de Baudelaire piorou em consequência de uma sífilis contraída na juventude, o que o levou a recorrer ao éter e ao ópio. Em Janeiro de 1860 Baudelaire teve a sua primeira crise cerebral. Curiosamente, a 15 de novembro, o Ministro da Instrução Pública concedeu a Baudelaire uma indemnização literária de 200 francos para "As Flores do Mal".
Entretanto, candidatou se à cadeira da Academia antes ocupada por Lacordaire, facto que provocou uma forte manifestação negativa pela imprensa parisiense e, no ano seguinte, seguindo o conselho de Saint Beuve, retirou a sua candidatura.
Desapontado pela incompreensão dos seus compatriotas, deixou Paris e viajou para a Bélgica, mas não obteve o sucesso desejado.
Em 1863, Baudelaire cedeu a Hetzel, por 1.200 francos, os direitos exclusivos de publicação dos "Pequenos Poemas em Prosa" e de "As Flores do Mal", que já estavam vendidos a Poulet Malassis.
Retornou a França onde a sua situação financeira se agravou e o levou a refugiar se novamente na Bélgica. Em 1866 saiu na Bélgica mais uma obra sua, mas no dia 15 de Março do mesmo ano, Baudelaire caiu no chão da Igreja de Saint Loup, vítima de um ataque de paralisia. Foi então levado para Bruxelas e mais tarde, internado numa casa de sáude. O tratamento hidroterápico proporcionou lhe algumas melhoras. No seu quarto, ornamentado com uma tela de Manet e uma cópia do retrato da duquesa de Alba, de Goya, recebeu numerosos amigos.
Embora lúcido, perdeu completamente a fala e a paralisia progrediu velozmente até que no dia 31 de Agosto de 1867, após longa agonia, morreu nos braços da mãe, aos 46 anos.
Baudelaire escreveu diversas obras, mas as mais importantes são: "As Flores do Mal" e "O Spleen de Paris" pequenos poemas em prosa. Nos poemas de "O Spleen de Paris", a cidade produziu lhe toda a espécie de sentimentos, desde o horror ao mais profundo e belo lirismo.