António Nobre nasceu no Porto, em 1867. Ainda no Porto, ligou se a um grupo de jovens escritores, entre os quais se contavam Raul Brandão e Alberto de Oliveira. Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra entre 1888 e 1890. Seguidamente, foi para Paris, onde viria a editar, em 1893, "Só" (único livro que publicaria em vida) e onde frequentou a Escola Livre de Ciências Políticas e a Faculdade de Direito da Sorbonne, onde se licenciou no ano de 1895. Viveu em Paris no tempo de Mallarmé e Moreas, de Verlaine e Rimbaud. Foi a partir desta altura que António Nobre iniciou um doloríssimo calvário, em luta com a tuberculose que o arrastou pela Suíça, pela ilha de Madeira e pelos Estados Unidos, à procura de uma saúde melhor que jamais encontrou. Incapaz, apesar de algumas tentativas, de prosseguir uma carreira profissional, Nobre realizou as suas viagens num cenário de dificuldades financeiras, sustentado pelo magro dinheiro que a família lhe disponibilizava, e pelo irmão predilecto, Augusto, seu confidente e executor literário. Apelidado de simbolista e de neogarretiano, António Nobre sempre escapou a todas as classificações, introduzindo na lírica portuguesa elementos inovadores importantíssimos, que dele fizeram uma das personalidades cimeiras da literatura portuguesa do século XIX. Em determinada altura, adoptou outro nome (Anto), que mais do que uma abreviatura passou a constituir uma outra pessoa a quem ele próprio passou a tratar como um estranho. Nobre, empreendia nos seus versos, uma recuperação do tempo perdido da infância e da adolescência decorrida no espaço balnear de Leça da Palmeira e nos arredores de Penafiel. E foi a imagem de um Portugal agrário, intocado pela Revolução Industrial, que sobretudo lhe atraiu a atenção, corroborada pela consciência do desgaste cosmopolita e pela premonição do «finis patriae». A sua poética era muito marcada pela complexidade amorosa, pela ardente amizade (como a que o ligou a Alberto de Oliveira), ou pelo amor platónico (como a que viveu com Margarida de Lucena ) e por algum narcisismo. A dolorosa consciência da doença irremediável e a sua organização delicada e nervosa, marcaram lhe o temperamento, que se caracterizava por um pessimismo e uma atitude contemplativa, dando à sua obra o carácter que a torna singular: de um profundo subjectivismo, um egotismo expresso na sua exclusiva preocupação de si próprio, embora de grande poder de sugestão e comunicação. A sua obra poderá inserir se numa estética decadentista/simbolista, renovando o romantismo de Garrett e anunciando o modernismo de Sá Carneiro. O que escreveu é de uma singeleza adorável e é apontado como o poeta da saudade e da tristeza. Pelas qualidades referidas mereceu, após a morte, o título de "Messias da Poesia Moderna". António Nobre faleceu com 32 anos, em 1900.
Obras:
Poesia Só (Paris, 1892); Despedidas (1895 1899), Porto, 1902; Primeiros Versos (1882 1889), Porto, 1921; a sua correspondência encontra se reunida em vários volumes.
