Estúdio Raposa

Poesia Erótica 46
Paula Raposo

 

INDICATIVO

Neste programa poesia de Paula Raposo

MÚSICA

A Paula Raposo é pessoa já conhecida neste espaço. Chegou ao Lugar aos Outros pela mão de um amigo meu e do Estúdio Raposa, infelizmente já desaparecido e que muita saudade deixou pela excelência do seu trabalho e caráter: António Gouveia, na internet conhecido por António Melenas.
Foi ele que, um dia, me apresentou algumas folhas que ele havia retirado de internet, com poesia de Paula Raposo. Não foi difícil, logo ali, prometer ao António Melenas que trabalhos da Paula haveriam de estar no Lugar aos Outros.

MÚSICA

Por razões que já não fazem parte da minha memória, o tempo foi passando e a poesia da Paula Raposo não aparecia no Lugar aos Outros até que o António Gouveia, zangado, me censurou pela demora.
Diante sua cara de poucos amigos, logo incluí a poesia da Paula num dos programas, exatamente, o número 32.

MÚSICA

A Paula Raposo Nasceu em 1954 em Lisboa.
Em 2001 publicou o 1º livro em prosa ‘Incoerências’, edição Minerva.
Em 2006 participou com outros autores no livro ‘A poesia nos blogues, editado pela Apenas Livros.
Ainda em 2006 publicou o 1º livro de poesia ‘Canela e erva doce’, editado pela Magna e participou na “I Antologia de Poetas Lusófonos” com 5 poemas, Folheto Edições & Design, Lda.
Em 2008 participou com outros autores no livro misto “22 Olhares sobre 12 palavras”, da Edium Editores e na “ II Antologia de Poetas Lusófonos” com 5 poemas, Folheto Edições & Design.
Editou em 2008 pela Apenas Livros ‘Golpe de asa’, em Março de 2009 ‘Nevou este Verão’ e em Outubro o ‘Marcas ou memórias do Vento’ todos da Apenas Livros.
Em 2009 colaborou, com um poema, na II Antologia das Noites de Poesia em Vermoim.
Como acabamos de ouvir, a Paulo Raposo tem muito trabalho publicado.

MÚSICA

Quando lhe peço que fale um pouco de si, contrariando a sua própria opinião de que tem mau feitio, fotografa-se como ex-trabalhadora da banca e agora, contabilista, mãe de três filhos e a caminho do sétimo neto, que tem os pais vivos e que tendo-se divorciado duas vezes, continua à procura da sua alma gémea.
Luta contra o excesso de peso e acrescenta que, para si, escrever é uma necessidade e uma terapia.

MÚSICA

Vamos ouvir seis poemas de Paula Raposo que na sua e na minha opinião ficam bem neste espaço do Estúdio Raposa, o “Poesia Erótica”

MÚSICA

Sempre olhavas o relógio
E as horas marcadas
Para estar em casa

Quando começava
A despir-me
Olhavas-me cobiçoso
E tocavas-me
Onde sabias

As horas ficavam para trás
(Mas nunca te atrasavas
Em casa)

Atrasavas-te só em mim
No reboliço
Em que deixavámos
Metade de nós….

MÚSICA

Era um final de tarde em Junho.

O ano (não interessa).

Inesperadamente
beijaste-me
como quem se entrega,

como se me dissesses
que sim, que nos amaríamos,
que a partir daquele momento
a nossa relação
valeria a pena.

Engano.

Não valeu a pena.
Trouxe sofrimento
e lágrimas
(não arrependimento)
e deixou-me, mesmo assim,
o sabor doce
do teu sexo.

MÚSICA

Vai-me falando de amor
Num gesto doce
Com o mar como fundo
E um filme de lenta harmonia

Vai-me falando as palavras
Que inventas
Que a toda a hora insinuas
No gesto especial de me quereres

Fala-me de amor enquanto esperas
Que eu chegue
E simplifique o acto
Sensualizando na pele
O momento perfeito

Falando-me de amor
O húmido esplendor
De um orgasmo.

MÚSICA

Hoje quero vaguear
Quero ver-te
Quero olhar-te
E quero dizer.

Avanço na avenida
O pensamento percorre-te

E tu distraído
Reparas em mim.

Lambes-me os dedos,
O pescoço
E deslizas o teu sexo
Como se me descobrisses

E o teu tesão acentua-se
Na proporção directa
Do meu frenesim.

Envolvemo-nos
E nunca sabemos como acabamos…

MÚSICA

Escrevo-te:
mais uma carta de paixão.
Conto-te do desejo,
do incontornável calor
do teu corpo e do meu,
da saudade vincada de ti,
da cama, do suor, do orgasmo.

É: uma carta de paixão
(esta), a que te escrevo,
com palavras que escorrem
no envelope.

Vem hoje;
para que eu me venha, também.

MÚSICA

Não deixes arrefecer,
aproveita a imaginação
e no vento frio,
que nos gela,
aquece comigo a noite.

Deixa que a madrugada
regresse a casa
e o calor se faça sentir,
como a memória,
agora ausente,
do que fomos;
nas entranhas
os únicos sobreviventes.

MÚSICA

Ouvimos, hoje, seis poemas de Paula Raposo. Obrigado à Paula pela sua disponibilidade.

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