Estúdio Raposa

Poesia Erótica 45
Porosidade I

 

INDICATIVO

“Porosidade Etérea”, o blogue da Inês Ramos pela segunda vez no “Poesia Erótica”

MÚSICA

“Porosidade Etérea” é um espaço na internet, dedicado à poesia, que já alcançou um lugar de primeiro plano na blogosfera em língua Portuguesa. Notícias, autores, eventos, lançamentos de livros, biografias, efemérides, um mundo de informação para autores e leitores, para quem, enfim, gosta de poesia. De vez em quando, informalmente, a Inês desafia os seus visitantes a enviarem poemas sobre um determinado tema. Pela segunda vez escolheu o erotismo e foi...um sucesso. Em poucos dias recebeu perto de uma centena de trabalhos.

MÚSICA

Com muita dificuldade, dada a qualidade de muitos trabalhos, escolhi seis para serem sonorizados aqui. Assim, ouviremos poema de seis poetas: “E se o riso” de Fernando Aguiar, “Clube Privado” de Fernando Girão, “L(e)itania” de Jorge Castro, “Luandino” de Maria de Fátima. “Membro a Pino” de João Norte e “Espanto deitado” de José Alberto Mar.

MÚSICA

Sem interrupção, vamos ouvir estes seis poemas.

MÚSICA

e se o riso sobe e se o sonho sua
sobre a tela ponho o esboço que faço
de te ver tão bela, de te ter tão nua
que sobre a imagem o teu cheiro ameaço.

e se pronta te dás quando na cama me cercas
e se na pele te velejo numa brisa tão pura
nos instantes que encontro, não deixo que percas
na forma dos mamilos a cor desta loucura.

e se queres que te aprenda quando vês que te vejo
e se exulto arfando à força de te amar
e se de noite te acendo e na penumbra te beijo
é no teu mar de desejo que me quero afogar.

MÚSICA

POR BAIXO DO TEU VESTIDO
VIVE O MEU RACIOCÍNIO
TENTO ADIVINHAR A CÔR
DA TUA ROUPA INTERIOR
E PENETRAR NOS TEUS DOMÍNIOS
 
DONA ÉS DO MEU PRAZER
DA ENTREGA DA ILUSÃO
MANDAS TU NO MEU QUERER
MANDO EU NO TEU TESÃO
 
E VOU DESCOBRINDO EM TI
OS MÊDOS QUE EU PRÓPRIO TENHO
AS FANTASIAS E OS SONHOS
QUE QUEREMOS ENCONTRAR
 
O SEXO É TÃO IMPORTANTE
COMO É A AMIZADE
E EU TENHO SEMPRE SAUDADE
DA NOITE DE ONTEM À NOITE
 
EU VOU LONGE, EU VIAJO                         
EU SAIO DAQUI PRÁ FORA                        
EU QUERO LEVAR-TE COMIGO                
PARA UM LUGAR DISCRETO                    
UMA CASA NO MEIO DO MATO               
UM JARDIM, UM CÃO QUIETO
                                                                         
EM NOME DA NOSSA PAIXÃO                           
TUDO NOS É PERMITIDO                    
POR BAIXO DO TEU VESTIDO
EXISTE UM MUNDO SECRETO
E OUTROS POR INVENTAR
 
EXISTE UM CLUBE PRIVADO
ONDE SÓ EU POSSO ENTRAR…
FLORESTAL, INTENSO

MÚSICA

todo eu me pelo
ao ver cabelo
e ao mordê-lo
mordiscá-lo
afagá-lo
alisar-lhe
os caracóis
e sermos dois
entre vales de lençóis
por tanta míngua
se calhar vingo-a
com a língua
na raíz das coxas
quando puxas
sedas roxas
para trás
porque nos cobre
e descobre
quanto sobre
do prazer
que entre nós há-de ser
o que se quer.

MÚSICA

Luandino apalpa-a com dedos lassos,
Frouxos.
Toca-a como se num receio.

Parece que ele afaga a testa de um velho:
O côncavo da mão a recusar o bico do seu seio.

E ela o que quer é sexo.
Sexo, sem denguices nem rodeios.

Encosta-se nele.
Sente-o todo no vestido fresco.

Mater desejosa, roça-se.
Beija-lhe cada mamilo.
Morde-o.

Virgem arrependida, Luandino…

Ela a ganhar vantagem.
Ela a lamber-lhe o sexo.
Ela a chupá-lo.

Luandino e ela
Ela e Luandino…

MÚSICA

É sol aquecedor,
Teu corpo de vale húmido e fértil
Entre montes de Vénus
Criador.
 
Calor e cio
despertam nossos corpos.
A boca é polvo que suga
lenta, de cada poro sedenta,
cada membro, cada fenda.
A nossa língua, lenta
e vagarosa,
percorre o corpo saborosa,
num despertar carnívoro de sensações.
Abro as tuas coxas lisas e sedosas
Nas tuas entranhas viciosas
eu penetro
despertando em nós duplas explosões,
deixo dentro de ti
o meu próprio arquétipo.

MÚSICA

Primeiro foi uma sensação a veludo nas mãos, a carne à flor da pele
 era macia de um modo tão suave a pedir só mansidão e elas
 as mãos,transcorriam bêbedas com todos os seus 10 dedos nas polpas sensíveis e
 eu lá ao fundo, no final da sensação, navegava com toda a preguiça esboçada do mundo

por aquele mar de novidades que o teu corpo me emprestava
 no silêncio ofegante da noite.


Estavas ali deitada, absorta no teu sonho inteiro de ser
 escultura para as minhas mãos, e eu sentia-te a crescer nas ondas da respiração e
 de um lado e do outro, ambos éramos mais próximos
 como se houvesse uma indeterminada luz pelo meio,

que tínhamos de possuir exactamente ao mesmo tempo.


Tudo ilusão.
E, no entanto não era. Eu estava ali, tu também, éramos dois corpos
 com as portas abertas a tudo. A aragem das mãos esvoaçando sobre

a tua pele de veludo, era o que sobrava do silêncio de chumbo
que os nossos corpos mortais no fundo faziam. Havia entre nós
um nó inteiramente aceso por dentro, onde as línguas mais aprumadas
já não soltam palavras.

E os gestos criavam outros mundos, onde só nós cabíamos,
 onde só nós éramos quase perfeitos
 à espera de o sermos.

MÚSICA

Acabámos de ouvir seis poemas selecionados entre os cerca de 100 que participaram num informal concurso organizado por Inês Ramos no seu blogue “Porosidade Etérea”. Até ao próximo programa.

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