Estúdio Raposa

História 127
"O Cinto da Moura"

 

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Mais uma lenda da obra “Lendas Portuguesas” de Fernanda Frazão.

MÚSICA

Certa vez, um rapaz observou por acaso um mouro estar a enterrar viva a filha. Como ia partir para a Moirama e não a podia levar, estava a encantá-la debaixo da terra. Assim, D. Mouro dizia certas palavras encantatórias, esquisitas e embaladoras.
O rapaz manteve-se silencioso e muito bem escondido enquanto o mouro fazia o que tinha a fazer. Mal ele partiu, dirigiu-se à cova, disse as mesmas palavras que ouvira ao outro, procurando imitar-lhe a entoação, e desencantou a moura.
Tempos depois casou com a rapariga e foram vivendo a sua vida sem problemas de maior. Um dia, porém, chegaram as saudades à moura e deu-lhe um imenso desejo de ver a família ou, mais que não fosse, fazer-lhes saber que estava desencantada e vivia feliz.
Cheio de boa vontade, o marido ofereceu-se para ir à Moirama levar as notícias que ela desejava, e, numa manhã de sol, lá partiu com os alforges cheios para as necessidades da jornada. Na Moirama, foi muito bem recebido por toda a família, que se mostrou satisfeitíssima por a rapariga estar desencantada, casada e feliz. Quando, por fim, se dispôs a voltar a casa, os parentes deram-lhe dois presentes: uma broa que só deveria partir em presença da mulher e um belo cinto de ouro para enfeitar a cinta da moura.
De volta a casa, já muito perto da sua aldeia, o rapaz sentou-se a descansar à beira da estrada, sob uma velha e frondosa carvalha. De repente, lembrou-se de pôr o cinto no tronco para ver o efeito que faria na mulher. Afastou-se uns passos para melhor admirar e qual não é o seu espanto quando vê a carvalha arrancar-se violentamente das raízes e fugir a correr para a Moirama.
Só então, dentro do seu espanto, percebeu que os parentes da moura pensavam reavê-la daquele modo.
E subitamente desatou a rir, um pouco nervoso mas divertido, imaginando a cara dos mouros quando vissem aparecer uma carvalha em vez da filha que esperavam.
Dirigiu-se então para casa e contou tudo à mulher.
Por fim, partiram a broa e, estarrecidos, viram-na desfazer-se em peças de ouro.

MÚSICA

Ouvimos uma lenda do Algarve, intitulada “O Cinto da Moura” que fui buscar à obra de Fernanda Frazão, “Lendas Portuguesas”

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