Estúdio Raposa

História 125
Frei Manuel sem cuidados

 

INDICATIVO

Mais uma história do livro de Ataíde de Oliverira, “Contos Tradicionais do Algarve”: “Frei Manuel sem cuidados”

MÚSICA

Foi um rei à caça e viu uma grande horta.
De quem é aquela horta?
De Fr. Manuel sem cuidados. E aquele moinho?
De Fr. Manuel sem cuidados. E aquela fábrica?
De Fr. Manuel sem cuidados. Que homem é esse tão rico?
É um sujeito que nunca teve cuidados na sua vida, respondeu um dos seus companheiros de caça.
- Quero ver esse homem. É quase noite, mas quero vê-lo, ordenou o rer,
Mandaram chamar o frade. Logo que este se apresentou ao rei, perguntou-lhe este: chamam-te o Fr. Manuel sem cuidados?
- Sim, real senhor.
- Quero que no prazo de 24 horas me digas, sob pena de morte, quantas alcofas de terra produz este ermo, onde é o meio do mundo, e o que penso eu no momento em que dares aquelas respostas.
Ficou o pobre homem muito aflito. Saiu o rei, e o frade voltou para casa muito apoquentado da sua vida. Notou seu compadre moleiro esta tristeza e perguntou-lhe a razão. Respondeu-lhe o frade, contando-lhe o que se passara entre ele e o rei.
- Não se incomode. Vou eu amanhã. Somos da mesma altura e da mesma idade. Passe-me para cá a batina e respondo pelo resto.
No dia seguinte foi o moleiro vestido de frade ao palácio.
- Então quantas alcofas serão precisas para tirar a terra do serro, que te indiquei? - perguntou o rei logo que viu o frade.
- Se a alcofa for do tamanho do serro basta uma, se metade são precisas duas, e assim por diante. V. Majestade não me determinou o tamanho da alcofa.
- E onde é o meio do mundo? - perguntou o rei-
- Como o mundo é uma bola, em qualquer ponto estamos no meio,
- Em que penso neste momento?
- Que está falando com Fr. Manuel sem cuidados e todavia eu sou o seu moleiro.
Ficou o rei satisfeito com o moleiro e disse-lhe que o procurasse quando precisasse de alguma coisa, exprimindo todavia o seu pensamento por uma só palavra, indicando todavia tudo que fosse necessário para ficar conhecendo a razão do seu pedido.
Voltou o moleiro para casa e recebeu do seu compadre em dádiva o moinho em que ele trabalhava.
Tempos depois veio uma enchente à ribeira e o moinho ficou arruinado. Então foi o moleiro ao palácio e por gestos começou a descrever a enchente da ribeira e a destruição do moinho, terminando por outro gesto que significava a sua pobreza e dizendo finalmente - dinheiro.
O rei entregou-lhe uma bolsa de dinheiro.

INDICATIVO

Ouvimos a história do “Frei Manuel Sem Medo”, recolhida por Ataíde de Oliveira. Até à próxima história.

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