Estúdio Raposa

História 118
S. Pedro e o Divino Mestre

 

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Mais uma história recolhida por Ataíde de Oliveira: “S. Pedro e o Divino Mestre”

MÚSICA

Havia um pai que tinha três filhos: os dois mais velhos eram maus e malcriados, o mais novo, pelo contrário, era obediente a seus pais e muito respeitoso.
O mais velho saiu um dia da casa paterna sem se despedir do pai e da mãe e foi correr mundo.
Chegou à porta de umas casas altas, bateu e apareceram dois senhores que lhe perguntaram o que queria.
Saber se pretendem de algum criado. Quanto queres ganhar por ano?
Não ajusto: no fim direi, pois não sei o trabalho da casa.
Entrou ao serviço dos senhores e foi por estes encarregado de guardar ovelhas e cordeiros. Andavam muito mal tratados os animais pois que o pastor não cuidava deles como devia.
Logo que terminou o ano perguntaram-lhe o que mais queria, se a glória, a salvação, ou o dinheiro.
O criado respondeu: venha o dinheiro que isso de glórias e salvações são comidas que não sustentam.
Então os senhores deram-lhe muito dinheiro e ele foi para certa cidade pôr um grande estabelecimento.
Soube o pai que o filho estava muito rico e foi-lhe pedir esmola; o filho pô-lo na rua e nada lhe deu.
O filho do meio saiu também da casa paterna e foi oferecer os seus serviços à mesma casa. Sucedeu-lhe tudo como ao irmão. Pôs igualmente um grande estabelecimento. Foi o pai pedir-lhe esmola e o filho também o pôs na rua, assolando-lhe os cães.
Quando o mais novo chegou à idade de servir, pediu licença ao pai e à mãe para ir correr mundo.
Os pais deram-lhe a licença e a sua benção. O filho foi dar às mesmas casas e ofereceu os seus serviços aos mesmos senhores.
- Quanto queres ganhar?
- No fim do ano me pagarão. Não sei se o meu serviço lhes agradará.
Entrou o rapaz ao serviço e foi encarregado de guardar ovelhas e carneiros. Era o rapaz muito cuidadoso e todas as noites recolhia a casa com o seu gado fartinho. Um dia foi chamado pelos senhores a contas. O rapaz pôs-se a chorar, dizendo:
- Vejo que não agrado aos meus patrões. Prometo de hoje em diante ser mais cuidadoso. Deixem-me ficar.
- Não, meu rapaz, olha que estás em nossa casa há seis anos. Ficou o rapaz muito admirado pois supunha que estava ali haveria uns quinze dias.
Os patrões chamaram-no e perguntaram-lhe se queria a glória, a salvação ou o dinheiro.
- A glória e a salvação, pois que o dinheiro de nada nos vale no outro mundo.
Os patrões ficaram muito contentes e encheram-lhe os alforges de dinheiro e ouro.
Foi o rapaz muito satisfeito para casa dos seus pais que ficaram admirados de tanta riqueza.
Um dia os patrões, que eram S. Pedro e o Divino Mestre, foram visitar os três criados. O mais velho não os quis receber quando lhe pediram pousada; o do meio procedeu do mesmo modo; o mais novo quando ouviu a fala dos seus patrões, correu à porta, mandou-os entrar e foi logo apresentá-los aos seus velhos pais, mostrando-se muito reconhecido com eles. Os velhos agradeceram com lágrimas o bem que tinham feito ao filho.
Nessa noite choveu muito e houve grande trovoada e muitos raios.
O filho e os velhos não cessavam de rezar toda a noite. Por duas vezes quase entraram em casa dos velhos duas línguas de fogo.
Então os patrões animaram o seu serviçal e os pais, dizendo: - Não tenham medo; hão-de morrer, mas daqui a muitos anos. Já o mesmo não diremos dos vossos dois filhos mais velhos, que morreram esta noite. Quiseram entrar por duas vezes em vossa casa, mas recuaram porque aqui só habitam o bem e a justiça.
Disseram estas palavras e desapareceram.

MÚSICA

Ouvimos uma história do Algarve recolhida por Ataíde de Oliveira. Até à próxima história.

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