Estúdio Raposa

História 112
As bolas de ouro

 


  • INDICATIVO

    Volto a tirar outra história do livro de Ataíde de Oliveira. Intitula-se “As bolas de Ouro”

    MÚSICA

    Havia um imperador viúvo que tinha apenas uma filha, criança muito amiga de brincar. Seu pai mandou-lhe fazer uma palheta, três bolas de ouro, e mandou-a brincar para o jardim com aqueles brinquedos. Um dia veio a menina do jardim e contou à sua ama que um pássaro lhe tinha perguntado se queria ter uma velhice difícil ou dolorosa mocidade. A ama aconselhou à menina que respondesse que preferia uma dolorosa mocidade. Quando a menina deu esta resposta ao pássaro foi por este arrebatada a uns matos, onde foi encontrada por um príncipe. Ocultou a menina a sua geração e o príncipe levou-a para o seu palácio e apresentou-a a sua mãe, a rainha. Esta não gostou da menina e quando mais tarde o príncipe lhe disse que estava resolvido a casar com a menina, fez grande oposição ao casamento. Casaram enfim.
    Deu a menina à luz um filho, mas no dia seguinte ao seu nascimento desapareceu a criança, sendo encontrado na boca da mãe o dedo mínimo do recém-nascido. Começou logo a rainha mãe a dizer ao filho que matasse a esposa, pois era pior do que uma fera, visto comer os próprios filhos. O príncipe não acreditou na mãe. Nasceram mais duas crianças e sucedeu o mesmo que à primeira. Então o príncipe mandou encerrar a mulher num quarto escuro aonde lhe levava os alimentos um velho conselheiro do paço. A rainha mãe era de uma atroz crueldade com a nora e tão pouca era a alimentação que lhe subministrava que a infeliz definhava a olhos vistos.
    Passados anos apareceu um anúncio de certo imperador convidando os pais que tivessem perdido três crianças a ir buscá-las ao seu palácio. Logo que o príncipe teve conhecimento de tal anúncio disse ao velho conselheiro que o acompanhasse no dia seguinte ao palácio do imperador que residia a alguma léguas de distância. O conselheiro nessa noite disse à esposa do príncipe que no dia seguinte ia com este a casa do referido imperador. A infeliz pôs-se a chorar.
    Do que chora? - perguntou o conselheiro
    -Se promete guardar segredo, digo-lhe o motivo, respondeu a princesa.
    -Pode fiar-se em mim.
    Então contou-lhe ela que era filha desse imperador, e visto que lá ia lhe trouxesse da gaveta da mesa da sala dos hóspedes três bolas de ouro e uma palheta, instrumentos com os quais ela brincava em criança. Prometeu o conselheiro trazer-lhe os brinquedos.
    No dia seguinte partiram o príncipe e o conselheiro para o palácio do imperador. Soube o príncipe que um pássaro depositara de cada vez em três ocasiões uma criança no jardim sem o dedo mínimo. Chamadas as crianças à presença do príncipe e apresentadas as vestes que traziam foram imediatamente reconhecidas pelo príncipe como seus filhos, que eram. Voltaram as crianças com seu pai e o conselheiro. A certa distância lembrou-se o conselheiro das três bolas e da palheta, encomenda da mãe dos principezinhos; pretextou uma desculpa e voltou atrás. Teve artes de entrar na sala dos hóspedes e trouxe a palheta e as três bolas.
    Nessa noite entregou o conselheiro a palheta e as três bolas à esposa infeliz. Foi dali ao quarto do príncipe e contou-lhe que sua esposa era filha do imperador e que conservá-la ainda presa era dar razão a que o imperador, sabendo isso lhe declarasse guerra.
    Ora o príncipe não sabia que sua esposa era a filha do imperador e logo que ouviu a declaração do seu conselheiro, dirigiu-se ao quarto onde estava presa sua mulher. Ouviu falas dentro do quarto e pôs-se à escuta. Dizia ela: minhas queridas bolas, brinquinhos de minha infância, vou deixá-las para sempre. Não posso resistir aos tormentos que sofro e por isso vou morrer.
    E a princesa, dizendo estas palavras, tentou meter o cabo da palheta no próprio peito. O príncipe de um impulso deitou fora a porta e abraçou-se à esposa, beijando-a muito.
    Ao barulho acudiu a rainha mãe, que, ignorando o que se passava, pôs-se a ralhar furiosamente contra a nora. Então o príncipe gritou: - De joelhos, minha mãe, pois está na presença da filha do imperador, que é muito mais poderoso do que nós!
    A rainha ajoelhou em frente da nora e pediu-lhe perdão. Congraçaram-se marido e mulher, amaram muito os seus filhos, que foram grandes príncipes.

    INDICATIVO

    Ouvimos uma história intitulada “As bolas de Ouro” do livro de Xavier Ataíde de Oliveira.

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