Isabel Machado
OBRA
 

Anémico

O amor
precisa ser forte
como a seringueira do quintal da infância...
É necessário mais do que constância
é necessário solidificar...
Precisa ser digno
como o respeito ao pai que não morreu...
É necessário mais que o apogeu...
é necessário venerar...
Não sei se era assim o nosso amor
em tempos idos que já vão distantes...
Não sei se era cristal
e partiu se com um sopro...
Não sei se ainda se esconde
em algum canto o alvoroço...
chama caliente que existiu
um dia...
eu sei!!
Talvez anémico!! Sim!!!!!
Talvez o nosso amor só necessite
de um pouco de ferro
vitamina ou beterraba...
Talvez esteja fraco e tão carente
que não enxergue a luz
no fim da estrada...


PEDIDO

Larga tudo
e vem me espasmar
É teu direito
e seja o meu também
Serei tua ré
não tenha complacência
e na demência
nos percamos tontos

É meu dever
perder todos os pontos
calar tua boca
à minha, sem clemência
beijar te as pernas
grossas, entre elas
brincar de línguas
em rodamoinhos
ouvir o arfar
balouços de carinhos

É meu dever
ser tua ré confessa
É meu dever
me dar te às avessas

Vem se enroscar!
Penetre no meu rio
saudoso
caudaloso
cio

Vem se espelhar!
Penetre neste olhar
a te espasmar
vem me espasmar