Sérgio Godinho nasceu em 1945 no Porto. Poeta, cantor, compositor e actor, frequentou a Faculdade de Economia do Porto. Em 1965, para evitar cumprir o serviço militar obrigatório e ser enviado para a guerra colonial, foi para a Suíça, onde frequentou estudos de Psicologia em Genebra, durante dois anos com Jean Piaget. Depois foi para a Holanda, onde viveu algum tempo e seguidamente, para Paris, onde travou conhecimento outros músicos exilados, como Luís Cília e José Mário Branco e onde viveu o Maio de 68. Embora já compusesse música, fazia o em francês, e foi o contacto com os seus conterrâneos exilados que o despertou para a língua portuguesa.
Como actor, integrou a troupe do Living Theatre, durante dois anos, actuando na produção francesa do musical «Hair» (onde conheceu Shila) e acompanhando uma tournée que o levou ao Brasil, onde foi preso.
Em 1971 gravou os seus primeiros discos "Romance de um Dia na Estrada" e "Os Sobreviventes" em Strawberry Studio do Chateau d'Hérouville, em França, com músicos locais, para a companhia Sassetti lançados em 1972.
Ainda em 1971, participou no álbum de estreia a solo de José Mário Branco, "Mudam se os Tempos, Mudam se as Vontades", para o qual escreveu quatro letras e participou como músico acompanhante.
A partir de 1972 fixou se no Canadá, de onde era natural a sua esposa Shila, e onde gravou o álbum "Pré Histórias". Foi distinguido pela Casa da Imprensa com os prémios de "Melhor Autor de Letra" em 1972, e "Melhor Disco Português do Ano" em 1973, com "os Sobreviventes", disco que foi interditado três dias depois da edição, sendo sucessivamente autorizado e novamente proibido.
Em 1973 juntou se à companhia de teatro Genesis. Estabeleceu se em Vancouver, numa comunidade hippie. Em Portugal, a Sassetti editou "Pré Histórias", do qual se destacou imediatamente um dos grandes hinos da carreira de Sérgio Godinho, «A Noite Passada». Em 1974 editou "À Queima Roupa", um novo álbum de material original muito influenciado pela situação política nacional. Com um expressivo sucesso comercial, o álbum recebeu o Prémio de "Melhor Disco Português do Ano" atribuído pela revista Música & Som. Foi no Canadá que o 25 de Abril o apanhou, regressando a Portugal pouco depois da Revolução. Em 1975, participou, ao lado de José Mário Branco e de Fausto, na banda sonora do filme de Luís Galvão Teles "A Confederação", que só foi estreado em 1978. Ainda em 1975, convidou Carlos Cavalheiro a participar no Festival RTP da Canção com um tema seu, «Na Boca do Lobo», que ficou em segundo lugar.
Fixado em Lisboa e deslocando se com frequência para actuações em Portugal e no estrangeiro, prosseguindo a sua carreira de actor de teatro e de cinema, compondo canções para peças e filmes, ou editando discos, Sergio Godinho nunca mais parou.
Para o cinema, escreveu canções para filmes como "Os Demónios de Alcácer Quibir" de José Fonseca e Costa, "Nós por Cá Todos Bem" de Fernando Lopes, "Kilas, o Mau da Fita" de José Fonseca e Costa, «Repórter X» de José Nascimento, etc.
Para a televisão, escreveu uma série de canções destinadas à série infantil da RTP «Os Amigos de Gaspar», dirigiu, escreveu e compôs em 1992 a música para três curtas metragens de meia hora cada, sob a designação geral «Ultimactos», produzidos para a RTP 2 (atirados para a prateleira da estação, para apenas serem exibidos um ano mais tarde sem publicidade de espécie nenhuma), foi ainda autor e apresentador da série «Luz na Sombra», seis programas de meia hora sobre as profissões escondidas do mundo da música, da RTP 2, compôs o genérico do magazine televisivo literário de Francisco José Viegas «Escrita em Dia», etc.
Editou com a Sassetti, com a Arnaldo Trindade, com a PolyGram, e actualmente com a EMI Valentim de Carvalho.
Recebeu variadíssimos prémios ao longo da sua carreira. Para além dos já mencionados, recebeu o o Prémio de "Melhor Disco Português do Ano" em 1981, o "Se7e de Ouro para Melhor Cantor Português do Ano" em 1981, o Prémio de "Teatro Infantil da Secretaria de Estado da Cultura" em 1982, com a sua peça ""Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Eles", o "Prémio José Afonso", atribuído pela Câmara Municipal da Amadora, em 1990 ao álbum "Aos Amores", e em 1994 ao álbum "Tinta Permanente", o "Prémio Carreira Blitz 95" atribuído pelo semanário Blitz em 1985, etc.
Sérgio Godinho é considerado um dos melhores letristas da canção política e popular portuguesa.
Obras: "Canções", 1977 (aumentada em 1983)