Ruy Belo
BIOGRAFIA
 

Ruy de Moura Ribeiro Belo nasceu em 1933 em São João da Ribeira, Rio Maior.
Licenciou se em Filologia Românica e em Direito, pela Universidade de Lisboa, e obteve o grau de doutor em Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma, com uma tese intitulada «Ficção Literária e Censura Eclesiástica».
Membro numerário do Opus Dei na juventude, rompeu com o instituto em 1961 (ano em que publicou o seu primeiro livro “Aquele Grande Rio Eufrates”) e casou com Maria Teresa Belo, de quem teve três filhos.
Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director adjunto no então ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas.
Foi durante algum tempo funcionário no departamento editorial da União Gráfica, repartiu se depois entre um escritório de advocacia, como canonista, e a Universidade de Madrid, onde durante sete anos (1971 1977) foi leitor de Português, cargo preenchido com brilho invulgar, sem no entanto suscitar o mínimo interesse por parte da nossa representação diplomática. Foi também, na sua passagem pela imprensa, director literário da Editorial Aster e chefe de redacção da revista ?Rumo?.
Regressado a Lisboa, Ruy Belo tentou em vão entrar para o corpo docente da Faculdade de Letras de Lisboa: na altura da sua morte ia mais uma vez concorrer a um lugar de assistente mas foi lhe recusada essa possibilidade, e foi dar aulas na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno. Faleceu em 1978, em Lisboa, vítima de ataque cárdio vascular.
Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada.
Os seus primeiros livros de poesia foram ?Aquele Grande Rio Eufrates? (1961) e ?O Problema da Habitação? (1962). Às colectâneas de ensaios ?Poesia Nova? (1961) e ?Na Senda da Poesia? (1969), seguiram se obras cuja temática se prende ao religioso e ao metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso de ?Boca Bilingue? (1966), ?Homem de Palavras(s)? (1969), ?País Possível? (1973, antologia), ?Transporte no Tempo? (1973), ?A Margem da Alegria? (1974), ?Toda a Terra? (1976) e ?Despeço me da Terra da Alegria? (1977). O versilibrismo dos seus poemas conjuga se com um domínio das técnicas poéticas tradicionais. A sua poesia encontra se recolhida em ?Obra Poética de Ruy Belo? (volumes 1 e 2) sendo considerada uma das obras cimeiras (apesar da brevidade da vida do poeta) da poesia portuguesa contemporânea.
Apesar do seu curto período de actividade literária, Ruy Belo tornou se num dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes. Destacou se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint Exupéry, Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca.
Em 2001, publicou se ?Todos os Poemas?.
À mulher e aos amigos, durante muitos anos, Ruy Belo foi dizendo que a sua tese para a Universidade Gregoriana de Roma estava escrita em latim. Mas «Ficção Literária e Censura Eclesiástica» é em português e figura nas «Obras completas» publicadas pela Editorial Presença sob a orientação de Joaquim Manuel Magalhães, juntamente com os ensaios de “Na senda da poesia” (1969) e um acervo de poesia inédita.
Muitos destes inéditos encontram se dispersos por Queluz, onde Ruy Belo residia e onde morreu em Agosto de 1978, e pela Consolação, uma praia da costa de Peniche onde ele tinha um pequeno piso de férias e privou de perto com Fernandes Jorge e Magalhães, seus constantes amigos. Trata se na maioria, de versos da juventude e apontamentos dos últimos tempos.