Manuel Alegre
BIOGRAFIA
 

Manuel Alegre nasceu em Águeda, em 1936. Durante os estudos secundários, no Porto, fundou, com José Augusto Seabra, o jornal "Prelúdio". Enquanto estudante universitário, em Coimbra, foi membro da Comissão da Academia que apoiou a candidatura do General Humberto Delgado, fundador do CITAC Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, membro do TEUC Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, director do Jornal Académico "A Briosa", membro da redacção da revista "Vértice", colaborador da "Via Latina" e um dos mais destacados dirigentes do movimento estudantil. Mobilizado para Angola em 1962, organizou aí uma primeira tentativa de revolta militar contra o regime e a guerra colonial. Preso pela PIDE durante 6 meses na prisão de S. Paulo de Luanda, aí conheceu os escritores angolanos Luandim Vieira, António Jacinto e António Cardoso. Passou depois à disponibilidade e foi colocado com residência fixa em Coimbra. Saiu para o exílio no verão de 1964, para não voltar a ser preso. Foi eleito em 1964 membro dirigente da F.P.L.N. Frente Patriótica de Libertação Nacional, presidida pelo General Humberto Delgado. Passou 10 anos no exílio em Argel, sendo o principal responsável e locutor da emissora de resistência "A Voz da Liberdade". Durante o exílio estabeleceu relações de amizade com dirigentes africanos como Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade e Aquino de Bragança. Regressou a Portugal em Maio de 1974. Foi depois deputado, secretário de estado, vice presidente da Assembleia da República, membro do Conselho de Estado, etc.. Possui, entre outras condecorações a Grã Cruz da Ordem da Liberdade, a Comenda da Ordem de Isabel a Católica e a medalha de Mérito do Conselho da Europa. Foi o primeiro português a receber o diploma de "Membro Honorário do Conselho da Europa". A sua poesia combina a intenção política com uma dimensão lírica influenciada pela poesia trovadoresca e quinhentista. Para além do tom épico, tem também grande musicalidade, o que faz com que seja muito cantada. É, alíás, considerado o poeta português mais musicado. Tem poemas seus musicados ou cantados por José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Luís Cília, Manuel Freire, António Portugal, José Niza, António Bernardino, Alain Oulman, Amália Rodrigues, Janita Salomé, João Braga, entre outros. Tem poemas seus gravados em disco por Mário Viegas. Foi musicado e cantado pelo célebre grupo da Galiza "Fuxan Os Ventos". Também foram musicados poemas seus pelo músico inglês Tony Haynes e integrados no espectáculo "The Rhythan of the Tides/Por Mares do Imaginário", representado em Inglaterra e gravado para a BBC. Aquando, em Coimbra, vítima da perseguição permanente por parte da Pide, Adriano Correia de Oliveira acompanhava o muitas vezes no seu regresso a casa à noite. E foi numa dessa noites, em plena Praça da República, que exprimiu a sua revolta:
"Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não"
Os versos ficaram e assim nasceu um dos hinos do 25 de Abril de 74: "Trova do Vento que Passa"
Bibliografia: "As Naus de Verde Pinho", "Alentejo e Ninguém", "Che", "Uma Carga de Cavalaria", "A Terceira Rosa", "Aicha Conticha", "Alma", "Atlântico", "Babilónia", "Chegar Aqui", "Coimbra Nunca Vista", "Coisa Amar, Coisas do Mar", "Com que Pena, Vinte Poemas para Camões", "Contra a Corrente", "Jornada de África", "Letras", "Lusiade Exilé", "Nova do Achamento", "O Canto e as Armas", "O Homem do País Azul", "País de Abril", "Pico", "Portugal a Paris", "Praça da Canção", "Rua de Baixo", "Senhora das Tempestades", "Sonetos do Obscuro Quê", "Um Barco para Ítaca"