Jorge de Sena
BIOGRAFIA
 

Jorge Cândido de Sena nasceu em 1919, em Lisboa. Depois de concluir os estudos liceais, ingressou na Escola Naval (curso que não concluiu por impedimentos vários), vindo a formar se em Engenharia Civil na Universidade do Porto. Ainda durante os estudos universitários, publicou sob o pseudónimo Teles de Abreu, as suas primeiras composições poéticas em periódicos como a "Presença" e foi nessa altura que travou conhecimento com um grupo de poetas que viriam a reunir se em torno de "Cadernos de Poesia", convivendo então, com José Blanc de Portugal, Ruy Cinatti, Alberto Serpa e Casais Monteiro, entre outros.
Foi no âmbito das edições de "Cadernos de Poesia" que em 1942, foi publicada a sua primeira obra poética: "Peregrinação". Ainda durante os anos 40, colaborou com "Aventura", "Litoral", "Portucale", "Seara Nova", e "Diário Popular", encetando ainda uma actividade importante na sua actividade literária como tradutor de poesia ("90 e Mais Quatro Poemas de Constantino Cavafy", "Poesia de Vinte e Seis Séculos: I de Arquiloco a Calderón, II – de Bashó a Nietzsche", ?Poesia do Século XX?, entre outros). A partir de meados dos anos 40, intensificou, paralelamente à actividade profissional como engenheiro, a sua actividade de conferencista, proferindo comunicações que incidiam frequentemente sobre dois dos seus temas preferidos: Camões e Fernando Pessoa (de quem editaria, em 1947, as "Páginas de Doutrina Estética"). Durante os anos 50, afirmou se como uma das presenças mais influentes e complexas da cultura e literatura portuguesas; e foi durante essa década que publicou algumas das suas mais conhecidas obras poéticas ("Metamorfoses", "Evidências", "Fidelidades"); que publicou a sua primeira tentativa dramática, a tragédia "O Indesejado"; que colaborou com publicações como a "Gazeta Musical e de Todas as Artes", "Árvore", "Notícias do Bloqueio", "Cadernos do Meio Dia"; e que organizou a terceira série da antologia "Líricas Portuguesas". A sua postura contra a ditadura fascista levou o em 1959, após o envolvimento numa tentativa falhada de golpe de Estado militar contra o regime salazarista, a optar por um exílio voluntário no Brasil, onde exerceu funções de docência nos domínios da Literatura Portuguesa e da Teoria da Literatura, nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de Assis e de Araraquara, em S. Paulo. Publicou então, uma série de obras ensaísticas como "Da Poesia Portuguesa" e desenvolveu uma intensa actividade como congressista, não deixando ainda de, como redactor no jornal "Portugal Democrático", participar em acções de denúncia da ditadura a partir do exterior. Em 1960 publicou o seu primeiro livro de ficção, a colectânea de contos "Andanças do Demónio". No ano seguinte publicou o primeiro volume da sua obra poética completa. Face aos obstáculos que sistematicamente eram levantados à sua progressão na carreira académica (a sua naturalidade e a inadequação curricular entre a sua formação e a leccionação), em 1965 transferiu se para a Universidade do Wisconsin, Madison, nos Estados Unidos da América, em cujo departamento de Espanhol e Português seria nomeado professor catedrático de Literatura Portuguesa e Brasileira. Em 1970 transferiu se para a Universidade de Califórnia, em Santa Bárbara, onde viria a ser nomeado dois anos depois, chefe do Departamento de Literatura Comparada e, em 1975, chefe do Departamento de Espanhol e Português. Entretanto, participou em inúmeros congressos internacionais; tornou se membro da Modern Languages Association e da Renaissance Society of America, nunca interrompendo a edição, quer de títulos de teoria e história literária e estudos literários clássicos, modernos e contemporâneos, quer a obra poética pessoal, publicando, antes e depois da primeira visita autorizada a Portugal em nove anos de exílio, entre 1968 e 1969, os livros de poesia "Arte de Música" e "Peregrinatio ad Loca Infecta". Após o 25 de Abril, recebeu várias homenagens públicas em Portugal, tendo sido condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique e, a título póstumo, com a Grã Cruz da Ordem de Santiago e Espada. No ano da sua morte, em 1978, vieram a público, revistos pelo autor, os volumes "Poesia II" e "Poesia III", a que se seguiriam, postumamente, os volumes "40 Anos de Servidão" e "Post Scriptum II".

Obras: "Perseguição" (1942), "Coroa da Terra" (1946), "Pedra Filosofal" (1950), "As Evidências" (1955), "Fidelidade" (1958), "Poesia I" – inclui os volumes anteriores e "Post Scriptum" (1961), "Metamorfoses" (1963), "Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena" (1963), "Arte da Música" (1968), "Peregrinatio ad Loca Infecta" (1969), "Exorcismos" (1972), "Trinta Anos de Poesia" – antologia (1972), "Poesia II" – "Fidelidades", ?Metamorfoses", "Arte da Música" (1978), "Poesia III" – "Peregrinatio ad Loca Infecta", "Exorcismos", "Camões Dirige se aos Seus Contemporâneos", "Conheço o Sal... e Outros Poemas", "Sobre Esta Praia" (1978), "Quarenta Anos de Servidão" (1979), "Sequências" (1980), "Visão Perpétua" (1982), "Post Scriptum II" (1985), "O Indesejado" (1951), "Amparo de Mãe e Mais Cinco Peças em Um Acto" (1974), ?Andanças do Demónio" – contos (1960), "Novas Andanças do Demónio" – contos (1966), "Os Grão Capitães" – contos (1976), "O Físico Prodigioso" – novela (1977), "Sinais de Fogo" – romance (1979), "Génesis" – contos (1983), "Uma Canção de Camões" (1966), "Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular" (1969), "A Estrutura de Os Lusíadas e Outros Estudos Camonianos e de Poesia Peninsular do Século XVI" (1970), "Dialécticas da Literatura" (1973), "Maquiavel e Outros Estudos" (1974), "Sobre Régio, Casais, a "Presença" e Outros Afins" (1977), "Dialécticas Aplicadas da Literatura" (1978), "Trinta Anos de Camões" – 2 vols. (1980), "Fernando Pessoa e C.ª Heterónima" (1982), ?Estudos de Literatura Portuguesa I" (1982), ?Estudos de Literatura Portuguesa II" (1988), "Teixeira de Pascoaes – Poesia" (1965), "Líricas Portuguesas" – 2 vols. (1975, 1983).