CRÓNICAS ANTERIORES 1

 

1O MINUTOS QUE SEPARAM VOCÊ DE DORMIR NO AEROPORTO.

Caros Amigos:

Dormi uma vez no Aeroporto de Madrid. E quem sabe você acabe dormindo lá também.
Motivo: A distancia do Terminal Nacional para o Terminal Internacional.
Assim, se você está viajando por Espanha (ou seja, está usando os Terminais Nacionais) e resolve sair do país (ou seja, usar o Terminal Internacional) muito cuidado.
É que a distancia do Terminal Nacional para o Internacional (e vice versa) é enorme: são corredores e mais corredores e mais corredores.
Assim, se você comprou uma passagem em Barcelona (por exemplo) para chegar à noite em Madrid e daí pegar um vôo para Lisboa (ou outra capital européia) antes de comprar a passagem, inclua nela mais 10 minutos (no mínimo) para percorrer a parte que separa o Terminal Nacional do Terminal Internacional.
Caso você não tenha este tempo (e não quiser sair do aeroporto) poderá ter a experiência de dormir nele.
Isto porque o além da distância enorme a ser percorrida, o vôo poderá atrasar uns minutos e lá se foi o vôo para Lisboa....que só sairá no dia seguinte. Assim, aí vão as instruções:

INEVITÁVEL: VOCÊ VAI DORMIR EM BARAJAS.
O Aeroporto de Barajas é grande e você sempre encontra um lugar
tranquilo para dormir.

ANDE PELOS SAGUÕES: Não se intimide e comece a andar pelos seus corredores e saguões: você vai ver que eles não acabam mais, e quando mais você se afasta, mais tranquilos eles ficam. Você anda e anda e aquilo não acaba. Até que você encontra alguns saguões totalmente desabitados, onde nenhum homem ou mulher pôs os pés
até hoje.

ACOMODAÇÕES: Os bancos são largos e com braços separando os. São relativamente confortáveis para sentar e para cochilar por umas 2 horas. A partir daí, prepare se: você não encontra mais posição, fica desconfortável.
Assim, você tem duas opções (se estiver, é claro nos saguões longínquos):

Opção A: Os bancos são uns de frente para o outro. Ou seja: no meio deles, na longitudinal, cabe uma pessoa confortavelmente.
Não me recordo se o chão é frio, mas, coloque alguns casacos e tudo fica OK.
E o melhor: as luzes estão na posição penumbra por isso fica relativamente camuflado dos raríssimos transeuntes.

Opção B: Os braços das cadeiras são largos. O que significa que você (com muito cuidado) poderá se encaixar nele (como se entrasse em umas argolas) e assim conseguir deitar se nos bancos.

Problema: Se você é daqueles que gostam de se virar enquanto dorme, esqueça, pois você terá as argolas dos braços das cadeiras à sua volta e quando tentar fazer isso com cuidado, isso acabará por espantar o seu sono.

SEGURANÇA: O Aeroporto é seguro, inclusive de madrugada. Mas, fique de olho. Por isso, durma ao lado, em cima ou abraçado à sua bagagem e sempre use cadeado.

GUARDAS: Se você estiver em uma daqueles saguões longínquos, eles tendem a não incomodar pois são tão longe da civilização que precisariam de um mapa até chegar lá.

ILUMINAÇÃO: Nos saguões longínquos eles até apagam parte das luzes, o que é agradabilíssimo: dormir como se fôsse iluminação de abajour em quarto de criança.

BARULHO: Estes saguões saguões longínquos são silenciosos (pelo menos em baixa temporada)

ALIMENTAÇÃO: Sempre existe algum bar aberto. Mas é preciso voltar e percorrer saguões e mais saguões para saber qual. O que não é um problema para passar o tempo e posteriormente para fazer a digestão pré sono no aeroporto.

TEMPERATURA: Agradável.

BANHEIROS: Limpos.

DICA: No meio da madrugada e em baixa temporada, ande até encontrar uma Sala VIP do Aeroporto (existem várias: vá a que não tem a porta fechada; a que está permanentemente aberta).

FAÇA ASSIM: Cochile algumas horas nos bancos. No meio da madrugada desperte e alinhe se um pouco. Dirija se até esta sala VIP e fale com o senhor que está de plantão da madrugada a cuidar dela, e conte a sua novela.
Conseguindo a permissão, simplesmente sente se (ainda sem deitar). Os bancos são mais amplos e confortáveis e depois de algum tempo, as pessoas que cuidam do lugar nem darão pela sua presença.
Então, você se quiser, poderá comer, beber alguma coisa, ver TV ou ler para recuperar se.
Pela manhã, notará que começam a chegar os passageiros habituais, o movimento aumenta, faltará pouco tempo para o re embarque e você então confirma que conseguiu o seu objetivo: manteve se seguro, quente, confortável e alimentado. E o mais importante: terá adquirido experiência e algo interessante para contar aos
amigos. Vale a pena.
Mas se você acha que isso é exagero, engana se. Existem verdadeiros profissionais do ramo:

http://www.sleepinginairports.net/

Um Abraço
Danyel Sak Publicitário
vansaak@ip.pt

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IL GATTOPARDO POSITIVO.

Caros Amigos:

Há coisas que mudam e ficam exactamente iguais. Como? Sim, pois ao longo do caminho todos evoluimos, mas tentamos manter a nossa essência.
Pois este fim de semana tive o grato prazer de conversar com o meu querido primo Alexandre.
Como ele é diplomata e porta voz do Presidente Fernando Henrique, esteve presente na comitiva que vai encontrar se com o governo português. E ele acabou por encontrar um espaço na agenda apertada na visita a Portugal para conversarmos gostosamente.
Sim, gostosamente. Mas, e o poder? E a função? E a imagem? E toda esta tralha?
Bem, na verdade ele continua igual mas diferente. Diferente, porque adquiriu sabedoria ao longo do tempo. Mas, igual porque continua a mesma pessoa, estando ou não ao lado do poder.
Mas se pensarmos bem, quantas das pessoas que conhecemos, após terem tomado contacto com cargos (por menores que sejam, desde zeladores até senadores), poder, dinheiro, caras hola vip anamais queatrevida), etc. conseguem manter a sua essência? Não muitas.
Mas existem aquelas que são imunes a isso. Melhor: quanto mais recebem aquelas influencias, mais simples e melhores ficam com o tempo.
Mas "mais simples" não quer dizer deixar de desfrutar dos benefícios honestamente conseguidos. Não; quer dizer pernanecer a mesma pessoa educada e polida na essência. Daquelas que nunca esquecem se das palavras mágicas (com licença, por favor e muito obrigado) onde quer que estejam e com quem estejam. E claro, procuram ser agradáveis. Algo que exige muita alquimia.
Mas mesmo sendo poucas, este tipo de pessoa existe. Pense mais um pouquinho e encontrará uma pessoa ao redor de si que é exactamente assim.
E você se recordará de momentos como por exemplo um jantar. Não só ficou satisfeito pelos pratos degustados, mas principalmente satisfeito e preenchido pela conversa, pela educação.
Penso que estes tipos de pessoas deveriam ter estátuas em praça pública. Para que? Para que, no momento em que começassem a pensar no projecto elas, se fôssem realmente como pensamos que são, simplesmente o rejeitariam. E então, estas estátuas deixando de existir, seriam mais fortes que estátuas de granito.
Seriam estátuas virtuais que ficariam em nossa mente para sempre.
Estas pessoas são o livro Il gattopardo no sentido positivo:
Algo tem que mudar para tudo ficar igual. Ou vamos no popular que é mais directo: Seu coração tem algo que nunca muda, mas que também, não envelhece nunca.

Um Abraço

Danyel Sak Publicitário
vansaak@ip.pt

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EM CASA DE FERRERO.

Se você é um publicitário verdadeiro, daqueles ligados ao marketing, então vai entender esta Crónica. Caso contrário, melhor clicar em algum site de sexo. A palavra é: Ferrero Rocher (pronto, um arrepio percorreu a espinha de todos).
Mas trata se aqui de analisar não a criatividade, e sim o conceito, o marketing que a envolve.
Como sabem, existem vários tipos de publicidade, e entre elas destaco algumas:

1. Aquela em que o marketing interpretou muito bem o produto/serviço e o departamento criativo conseguiu transformá lo em algo inteligível e deliciosamente assistível para o consumidor. Perfeito.

2. Aquela em que o marketing interpretou muito bem o produto/serviço mas o departamento criativo resolveu fazer uma piada de, e para publicitários: só eles entendem. E o consumidor não sabe muito bem o que fazer: se ri ou se chora. Mas decide correctamente não comprar o produto.

3. Aquela em que o marketing não conseguiu interpretar o produto/serviço e a seguir o departamento criativo fez alguma piada com aquela tralha toda que foi parar na sua mesa. Resultado: o consumidor não tem a mínima ideia do que está a ver no seu ecrã, não vai comprar o produto e alguém da agencia terá que ir ao cliente explicar que „o problema é sempre o consumidor, ah, se não fôsse ele (...).

4. E aquela em que o marketing fez o seu trabalho com esmero, interpretando bem o produto/serviço e o departamento criativo apenas pôde seguir a risca do que se tratava.

No caso (melhor: Case) Ferrero Rocher estamos diante da alternativa 4. Bem, como homem de criação, penso que não apreciaria muito ter estes filmes em meu reel. Mas, se fôsse um homem de marketing, penso que gostaria de tê los.
O que acontece então? Neste caso, o departamento criativo não pôde fazer o seu trabalho bem feito, com filmes excelentes, cativantes.
Mas sob o ponto de vista do marketing, isso não quer dizer que os filmes estão errados. Pelo contrário. Vamos analisá los friamente:

Em todos os filmes da gama Ferrero Rocher o produto está bem exposto (até demais) tanto visualmente como sonoramente.

FILME 1:
Um clássico: o do "Ambrósio" (viu, você conhece, não adianta
fingir, tolinho) vemos um chofer e a sua dona (perdão, patroa).
Bem, não vou contar o filme pois todos conhecem.
Vemos que o filme utiliza todos os clichês que uma fatia da
sociedade tem em sua mente: como imaginam que são os ricos e
famosos. Mas repito: o clichê que esta classe tem na mente.
Ou seja: não se trata aqui de uma realidade de como são os ricos,
mas sabiamente o cliente mostra ao seu público alvo aquilo que
ele imagina que são os ricos.
Então vemos a limusine branca (que hoje em dia qualquer rapper
amador americano possui) uma profusão de dourados, uma banda
sonora pseudo shubertiana e claro, o produto surgindo naquela
portinhola pimba.
Mas atenção: pimba na sua cabeça e na minha, mas não na cabeça do
público alvo que imagina que realmente os ricos são todos assim.
E assim, o público alvo adquire o produto para tirar uma
casquinha e ter um pouquinho do „estilo de vida dos ricos‰ em
casa.

FILME 2:
O Ovo do "Kinder Chocolate" (do mesmo Ferrero Rocher).
Os filmes sempre com demostração de produto e a frase a martelar
algo como: "Tem menos cacau e mais leite".
Perfeito: na cabeça de todas as mães, os seus filhos tem que
tomar mais leite e comer menos chocolate, pois leite é mais
nutritivo.
Mas na realidade, o leite é mais barato que o cacau para
confeccionar o chocolate. Bem, nao é crime dizer isso, apenas que
o marketing conseguiu transformar um defeito em qualidade. Ponto
para o marketing novamente.
E como se não bastasse o Kinder ainda vem com o ovo com
brinquedinhos. Isso me faz lembrar quando eu era pequeno e na
entrada do colégio haviam os vendedores de doces.
E entre os doces havia um que era uma "caixinha de surpresas".
Eram caixinhas de papel do tamanho das de fósforos em que não se
sabia o que havia dentro.
Então, pegávamos algumas e chacoalhávamos para ver o ruído. E
depois deste ritual escolhíamos uma e pagávamos ao senhor.
E ao abrir encontrávamos algo: um bonequinho , um micro carrinho,
etc.
As nossas mães sempre diziam "mas você não prefere uma bala? Um
doce? É melhor". Mas nós queríamos aquilo: a graça era a emoção
de descobrir o que havia dentro, pois o tal brinquedinho em geral
era sem graça mesmo.
E penso que a ideia do Ovo Kinder deve ter surgido daí. Uma ideia
tão boa que hoje em dia não sabemos se os miúdos vão ao Mc
Donalds para comer hamburgers ou para......ganhar os
brinquedinhos do Happy Meal. Sim, você pode gostar ou não, mas
este tipo de coisa funciona.

FILME 3:
O Mon Chéri (do mesmo Ferrero Rocher). Mostra para o público alvo
a imagem que ele possui das pessoas chics, não necessariamente
muito ricas. E como recebem os amigos em suas festas, como é a
decoração, os sorrisos, o tratamento polido, etc.
E mostra que estas pessoas, apesar de serem chics, também de vez
em quando tem as suas dúvidas. Isso, na mente do público alvo é
excelente, pois "ele quer ver o que os chics fazem em uma
situação complicada destas".
Assim, vemos a insegurança do casal chic (oh! the horror!) que
vai receber os amigos e "não sabe bem o que servir".
Ou seja: tem receio de servir algo que seja aquém do esperado ou
além do esperado.
Então surge "quem sabe?" a solução do Mon Chéri. E após a festa
chic, com pessoas chics vemos o casal chic a concluir algo como
"sim, a escolha foi perfeita pois não sobrou nenhum. Ou penso que
sómente um que guardaram, não recordo ao certo)".
Mais uma vez o marketing acertou. Além de interpretar para estas
pessoas como elas imaginam os chics, ainda atacam em um ponto
vital: a sua insegurança.
Assim, o público alvo ao comprar o produto, sempre se recordará
do residual da cena: "sim, vou levar este porque dá me
segurança".
E ao serví lo pensarão: "os meus convidados sabem que eu acertei,
que sou uma pessoa segura".
Não se trata de que isto seja verdade (e que Freud estaria a se
revirar ao ver onde chegou a psicologia) mas sim que cativou o
seu público e funcionou, quer você queira ou não.

FILME 4:
Outro clássico: o da esposa grávida com desejo de Ferrero Rocher
(ou será Mon Chéri? Não importa, serve como umbrella) e o marido
que o vai comprar.
No filme aparecem pessoas com todos os mesmos clichés: casal
agradável educado, com sorrisos de plástico perfeitos, dourados
em profusão.
E o que acontece? Acontece o anti clímax: o marido não encontra o
Ferrero Rocher para satisfazer o desejo da mulher.
Mas há uma explicação: "para não se estragar durante o final da
época quente, o Ferrero Rocher só está a venda á partir de tal
data".
Ponto para o marketing mais uma vez. Sim, porque você acha que
este chocolate iria realmente estragar se? Então, e os outros de
todos os hipermercados e confeitarias?
O conceito do filme serve para passar o início da data de venda
e, mais importante: passar a imagem de que se trata de um produto
quase artesanal, quase feito de encomenda, especial (pois é isso
que vai ficar na mente do público).
Mas o facto, mais uma vez, é que para este público alvo,
funciona.
E se perguntar para alguém que viu o filme ele se recordará deste
motivo não tão congruente. Mas o facto é que se recordará.

Mas você me perguntará: Você já provou o produto? Mas é claro, como publicitário tenho a obrigação profissional.
Foi assim: uma pessoa próxima fez questão de comprar o Ferrero Rocher e o Mon Chéri porque esta pessoa se recordava dos clichés.
Mas, como esta pessoa não pertencia ao público alvo ficou decepcionadíssima com o produto em si.
Até lembro da sua expressão e sua frase após prová los: "Mas é só isso?" Sem graça (...). Não que seja ruim, mas apenas não houve uma adequação publico alvo/produto.
Eu mesmo anos atrás fui comprar o Ovo Kinder Chocolate. E por não ser o público alvo (ou seja, no momento não quero os brinquedos e busco chocolate com sabor a chocolate) achei o recheio incrivelmente doce e quase nada de chocolate por fora. Mas como mencionei, não sou o público alvo.
Bem, qual o resumo de tudo isso? Como criativo e pessoa de marketing trabalho sempre para que os clientes/produtos que atendo estejam enquadrados na alternativa 1 (volte lá acima para
verificar as alternativas).
Mas, entre as situações da alternativa 3 que ocorrem de forma um pouco frequente (com a verba e a compactuação do cliente), não tenham dúvidas que se fôsse o cliente ficaria com a alternativa
4.
Ou seja: enquanto o departamento criativo não aprender a se aproximar do marketing e vice versa, vamos ter de continuar a escutar por um longo tempo:
"Ambrósio, apetecia me algo diferente".

Um Abraço

Danyel Sak Publicitário
vansaak@ip.pt

PS: Não, não vou falar do Kinder Bueno e nem qualquer outro
Kinder porque eu não sou de ferro.

oooooooooooooooooooooooooo

TOTAL CONTROL!

Caros amigos:

Uma nova máquina estranha anda por aí. Claro que a maioria das pessoas não a nota. Isto porque ela está muito bem disfarçada: colorida, bonitinha, formas alegres.
Mas no fundo pode ser muito perniciosa. Cada vez que a vejo sinto um arrepio pelo estrago que ela poderá causar à sociedade. E tive mesmo que dar lhe um nome: TOTAL CONTROL! (por favor pronunciar o nome com o acento em inglês, assim: TÔTÁL CÔNTRÓÓÓL).
Se você quiser encontrá la, basta andar por parques, praças e principalmente por algum paredão na praia.
À primeira vista, trata se de um triciclo normal para crianças pequenas, muito colorido, amarelo, azul, vermelho. Mas à medida em que ele se aproxima de nós, vemos que não é um triciclo normal: é um TOTAL CONTROL!
Mas, como o distinguimos do triciclo normal? Simples: ao olharmos bem, veremos que por trás do TOTAL CONTROL! encontramos um cano que sai por detrás do banco deste pseudo triciclo, sobe e vai parar exactamente na mão do adulto que está por trás, como um terceiro guidon.
Mas então, qual a diferença? Bem, quando éramos pequenos, um dos brinquedos que mais queríamos era um triciclo, pois com ele poderíamos ir onde quiséssemos: liberdade!
Claro que com o tempo, vimos que, com toda a razão, só poderíamos andar em lugares mais seguros como os parques, o lado interno da calçada, a calçada da praia e coisas assim.
Mas isso não fazia muita diferença: nós continuávamos a pedalar e a nos divertir. E os nossos pais adoravam porque estávamos a fazer exercício e a queimar energias. E se fizéssemos uma curva um pouco mais fechada, caíssemos e ralássemos o joelho, não havia problema pois a mamãe/papai falavam carinhosamente "viu? Agora levanta e toma um pouco mais de cuidado". E levantávamos imediatamente, passávamos a mão na pequena ferida e tinhamos aprendido um pouco de como é a vida.
E ao voltar, ficávamos tão cansados do exercício que, era chegar em casa, tomar banho, comer e ir directo para a cama: uma verdadeira tranquilidade para os pais.
Mas com a chegada do abominável TOTAL CONTROL! tudo mudou. Vemos o tal pobre miúdo a "andar" e por detrás está geralmente o pai a guiá lo por onde deve ir. Sim, porque imaginem comprar um automóvel e quando se senta para dirigí lo, o controlo remoto é ligado. E não é mais você que vai decidir onde quer ir: é ele.
É muito triste, mas no TOTAL CONTROL! é assim: quando os pais querem andar eles andam (e o miúdo tem que andar junto!), quando querem parar eles param (e o miúdo tem que parar junto), quando querem percorrer o caminho da direita eles percorrem (e o miúdo percorre junto).
Com o TOTAL CONTROL acabou o saudável aprendizado de tomar decisões desde cedo: pedalar para a esquerda ou para a direita?
ir para o lado do cão ou aproximar se do outro amiguinho? Que nada: depois de observar bem quem possui o TOTAL CONTROL! já há algum tempo, vemos que o míudo nem pedala mais: é o pai que o empurra, puxa, desvia, pára e toma todas as decisões. Ou seja, o miudo nem exercício faz mais!
Quanta frustração! Não é à tôa que em geral a expressão do miúdo que possue o tal TOTAL CONTROL! é de tédio.
O TOTAL CONTROL! está mesmo aí. E só resta mesmo torcer para que os miúdos que sigam a carreira de políticos, médicos, engenheiros e principalmente gestores não tenham andado de TOTAL CONTROL! na sua infância. Porque senão vamos ter que arranjar lhes um cano por detrás com um guidon para guiá los sempre que tiverem de tomar decisões.

Um Abraço

Danyel Sak
vansaak@ip.pt

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Caros Amigos:

Sim, isso mesmo: ASEREJE JA DE JE.
E mais: DEJERE SEMINOUBA MAJABI ANDEBUGUI.
Não, não estou a falar Marciano nem Árabe. Estou apenas a cantar e a dançar enquanto penso nesta música e o que faz com que ela seja um sucesso.
Trata se do Asereje. Então, para quem ainda não sabe (ou melhor: não foi atingido, contagiado por ela) trata se de Las Ketchup.
Melhor dizendo: Las hermanas Ketchup.
Filhas de um cantor de Córdoba, muito conhecido nacionalmente em Espanha: Tomate.
Então, esta nova geração pensou (e bem), se somos filhas do Tomate e somos pop, então temos que ser mesmo As Ketchup.
A apanharam o som de um rap, colocaram salsa, modificaram e nasceu o Asereje (leia Aserehê).
E não é que deu certo? Lá comprovei entre una copita de vino y otra que foi a música do Verão em Espanha. E foi a Nº1 na Europa, toca na MTV e VH1 e chegou até a América. Tendo direito à reportagem da Time que classificou a música como "deliciosamente tontinha".
Mas é exactamente isso que ela é, deliciosamente descompromissada: A Macarena deu cria! É escutar e começar a cantarolar. E depois de um tempinho você já estará saracoteando.
Sim, sem compromisso e com a coreografia própria. Sim, já vi desde os nativos até alemães sexagenários e nórdicos albinos sendo tomados pela febre.
E segundo pesquisas, o Asereje já está migrando para outros países sendo levado por estes turistas que foram à Espanha e pegaram a febre. E portanto serão sucesso tardio naqueles países.
E nos outros do Hemisfério Sul, onde vai começar o Verão, a febre se inicia.
Mas porque tudo isso? Porque em época de Bin Laden, de franco atiradores, de publicidade estranha existe um modo de se soltar: coloque o CD, aumente o som, comece a coreografia, sorria e comece a cantar (sim, não se esqueça de chamar a vizinha (o), curvilínea (o), aquela (e) que dança mambo e calipso). Então: ASEREJE JA DE JE DEJERE SEMINOUBIA MAJABI (...)

Um Abraço

Danyel Sak

(...) vamos, continuem: ANDEBUGUI ANDEBUGUIDIPI ASEREJE JA DE JE

vansaak@ip.pt

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Os J.A.

Caros amigos:

Se perguntarem uma das coisas que mais gosto eu responderei: biscoito.
Sejam biscoitos ou bolachas, são uma das melhores invenções da humanidade depois do chocolate.
São simples e fáceis de comer, deliciosos, e são de todos os formatos, cores e sabores, Portanto, achar alguém que não gosta de nenhum tipo de biscoito é algo muito raro.
E há milhões de pessoas no mundo inteiro que pensam assim. E outros tantos milhões para serem seduzidos, sejam adultos ou crianças.
Pena que em geral, por aqui, a comunicação para este tipo de produto não tenha uma construção de marca/produto à altura.
Na verdade, o biscoito, assim como os chocolates correntes, não necessitam de ser espectaculares. Apenas necessitam ser um bom produto e ganhar a sua quota de mercado.
Mas com filmes esporádicos e calcados em clichés infantis, isso fica realmente muito difícil.
Toda vez que vou ao hipermercado e passo pela prateleira de biscoitos/bolachas, eles olham para mim e logo começam a gritar: "por favor, falem de nós!!"
E eu respondo: "sim, estou do lado de vocês, vocês merecem uma comunicação contínua e inteligente, mas o que possso fazer para contribuir no momento é levar algumas de vocês para casa".
E dito isso, apanho vários deles como sultanas (para se você quer comer uma torta de maçã e não tem tempo para fazer), barquetes, short cakes, etc., e claro um primor de biscoito simples e delicioso: as Joaninhas.
Sim, porque este biscoito, apesar de estar dirigido para o público infantil, não é nadinha infantil. O seu chocolate não é doce, tem a espessura certa e o biscoito em seu interior, estaladiço e de sabor correcto, tornam as tais Joaninhas um vício. Claro que (ainda) não ao ponto de termo que fundar um J.A. (Joaninhomanos Anônimos).
Mas o facto é que os biscoitos que conseguiram a construção de imagem, acabam por reinar absolutos por anos e anos e fazem milhões, como o Oreo (e olhem que nem o nome ajuda). Mas uma boa construção de marca, neste caso, ajuda muito.
Assim, os Biscoitos acabam infelizmente por ser, perante os olhos dos que decidem o marketing, os primos pobres de Chocolates e das Batatas Fritas. Brioches neles, perdão: Biscoito neles!

Um abraço

Danyel Sak
vansaak@ip.pt

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LEMBRANÇAS DE UM VERÃO.

Caros Amigos:

Sozinho. Começa o Verão. Olho para os lados e então, depois de depois de procurar os amigos, não encontro ninguém. Todos foram embora no Verão. Empacoto a minha tristeza na mochilinha e por sorte aparece um senhor, amigo da família muito estranho, mas que felizmente me acompanha em uma uma aventura que não vou esquecer. Vamos percorrendo os caminhos, que na verdade, são como a vida, não se sabe bem como e onde vão acabar. As pessoas e as estradas aparecem e desaparecem. À primeira vista elas parecem uma coisa, mas depois são outras, bons, ruins, mais ou menos. Tanto faz, mas ficamos com saudade delas quando nos despedimos, e elas acabam nos lembrando outras pessoas de que gostamos. E a rodovia segue o seu caminho e nós com ela. Mas, enquanto isso vamos aprendendo e vivendo com a viagem. As imagens que passam não são perfeitas e nem rápidas.Apenas aprendemos a esperar que elas apareçam e entender as palavras e principalmente o silencio que elas contém. Chegamos ao nosso destino e vemos que ele nem sempre é perfeito, mas querendo ou não acabamos por acreditar nas asinhas dos anjos: basta tilintar e eles nos virão ajudar. E enquanto isso a nossa viagem continua, olhando, rindo, caminhando e finalmente chegando. E descobrindo que apesar de tudo, foi um Verão inesquecível.
Vale a pena conferir Filme e Banda Sonora: O Verão de Kikujiro 1999 Atalanta Filmes nos videoclubes
Um Abraço
Danyel Sak vansaak@ip.pt

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 É VODA.

Caros Amigos:

Após falar com um amigo ao telefone, aqui ao lado das minhas mulheres e meus
cães, recordei me de quando participei na Young, da criação da Campanha de
lançamento da Telecel em Portugal (operador de telefonia móvel).
Foi um trabalho aprovado aqui em Portugal, directamente pelo americano chefe
Director de Marketing da PacTel/Telecel: Mr. Ron Boring.
Um trabalho árduo, porém profissionalíssimo e compensador: não só do ponto
de vista de Resultados como Criativo.
De Resultados porque, na altura, mesmo tendo a campanha começado muito
depois, deixou a concorrência a quilometros de distância.
E Criativo pois é uma daquelas Campanhas perenes, que tanto graficamente
como em filmes continua actual.
Na altura, ao debulharmos toneladas de folhas de Briefing, acabamos chegando
as seguintes conclusões:

a. De que realmente era preciso criar uma necessidade para o produto e
b. Era preciso ser extremamente didáctico, porém na mesma medida, criativo

Assim, o filme principal embalado em uma ágil e bonita banda sonora,
mostrava uma camera a sobrevoar cenas com uma pitada de humor, que hoje parecem comuns, mas na época, eram realmente de ficção científica:

a. Um senhor com o carro parado na berma de uma estrada, a falar ao
telemóvel e a correr atrás dos papéis que estavam todos a voar. E a locução
dizia “Olhe, o Sr. Pereira a tratar dos papéis”.
b.Um fazendeiro no meio das vinhas a falar ao telemóvel com a locução “Olhe
só o Sr. António a fechar um grande negócio”.
c. Uma miúda lindíssima de topless, a balda, em uma praia, acompanhada do
namorado e a locução “Esta é Rita, a minha filha....ehr...em plena aula de
Matemática”
d. Uma ilhota tipo Perejil, com um náufrago a acenar pedindo auxílio e a
locução “E este é um náufrago.....pena que ele não tenha um Telecel”. E o
helicóptero afastava se.

Anos depois a Telecel transforma se em Vodafone. E, surpresa: os filmes
internacionais de lançamento que vemos seguem exactamente a mesma linha de
raciocínio do lançamento de há anos atrás em Portugal.
Mas com um detalhe: (por mais gostem da música inclusive eu) ela é
anacrónicamente conceitual).
Porque, à época do lançamento da Telecel em Portugal e no mundo em geral
o consumidor não sabia direito para que poderia servir o tal do telemóvel.
Pensavam “tenho telefone em casa e no trabalho, e para que é que eu quero
mais??” E hoje em dia o consumidor já está cansado de saber o que é um
Telemóvel.
Disso tiramos duas conclusões:

1. Se a campanha internacional de lançamento internacional da Vodafone fôsse
executada aqui, concerteza (e com toda a razão) ouviríamos:
“Mas a campanha que a Agência criou é para explicar o que é um Telemóvel. E
isso está conceitualmente errado: hoje todos já sabem o que é um Telemóvel.
Façam outra”.
2. Hoje, está provado, o telemóvel é mais utilizado para dizer “Já estou a
caminho” e “Siiiim, já comprei o bolinho”.

Um Abraço

Danyel Sak
vansaak@ip.pt

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ATENÇÃO SENHORES PASSAGEIROS, AQUI É O COMANDANTE QUEM FALA: COMUNICO QUE VOU DESLIGAR TODOS OS MOTORES EM PLENO VÔO. OBRIGADO.

Caros Amigos:

Recostado aqui em minha chaise longue junto à minhas mulheres e meus cães,
pensei o que a frase do título poderia causar aos meus leitores. Certamente
pânico. Mas é exactamente isto o que ocorre em publicidade.
Recordo me quando era sócio fundador da antiga Z. Publicidade, sempre
tentava maximizar a verba do Cliente para que, além de produzir uma
criatividade que vende, ele pudesse ter uma verba (como a costumava chamar)
de "Deslocação Ágil".
Assim, procurava fazer com que a verba do Cliente tivesse o melhor uso, um
uso inteligente, racional mas intuitivo ao mesmo tempo. Claro que, uma
intuição baseada sempre no forte componente Experiência.
A consequência disso era que (pasmem!) algumas vezes sobrava verba. Assim,
usava a "Deslocação Ágil". Ou seja: esta verba era alocada imediatamente
para reforçar mais pontos: meios, uma produção mais completa, etc.
Ou seja, o Planeamento era feito, porém, nunca era uma camisa de força. Pelo
contrário: era como deve ser, como a vida, sempre a fluir e a modificar se e
nunca estratificada em estudos pétreos.
Este era um dos segredos do sucesso e da conquista de alguns clientes
renomados, mesmo sendo uma agência que não vivia de contactos de "quem
conhece quem". Mas tinha muita agilidade e profissionalismo, o que gerava
resultados rápidos e com isso lucros para os Clientes.
Um certo dia, conseguimos um Cliente que apesar de vender o seu produto no
interior do país e ter lucros, não conseguia entrar nos grandes centros
urbanos e nas grandes superfícies.
Vimos que com uma verba limitada e um conceito criativo interessantíssimo e
vendedor conseguiríamos atingir muito além do objetivo. E o melhor de tudo:
sem burocracias e estudos de mercado.
Elaborámos a Campanha, conseguimos atingir as metas e o nosso produto foi o
que teve a melhor venda per capita do país durante o ano (pesquisa Nielsen).
Isso com uma verba limitadíssima e desconhecimento do produto perante o
consumidor. Ou seja: o diferencial foi realmente o profissionalismo, a
experiência de poucas pessoas que sabiam exactamente o que estavam a fazer.
O Cliente mostrou se satisfeitíssimo. Tão satisfeitíssimo que resolveu cessar os investimentos.
Porcurei mostrar a ele que isso não era o correcto a fazer. Porque ele tinha
um produto que não era explorado pela concorrência em termos publicitários.
E que, como um profissional que consegue antever as ondas de futuro, via que
ele seria um pioneiro.
Não previsões, mas sim projecções calcadas em experiências com Clientes
inteligentes, centenas de idas a super e hipermercados, conversa informais
com donas de casa, horas escutando informalmente nas ruas os hábitos de
consumo das pessoas, etc. Coisa que nenhuma pesquisa consegue detectar tão a
fundo, pois não consegue atingir um carácter tão informal, tão "desinteressadamente interesssado" (ou será o contrário?) e subreptício.
O facto é que, mesmo argumentando o futuro e mantendo uma verba de manutenção irrisória, o Cliente não conseguiu "ver" o seu futuro brilhante:
um líder de mercado com um investimento baixíssimo.
Os anos passaram e como havia previsto, começaram as levas campanhas que,
até há bem pouco tempo atrás, praticamente não contumavam anunciar: vinhos,
queijos, etc.
A maior parte destes anunciantes vieram muitos anos depois do tal Cliente e,
claro, investindo muito mais, já que iniciava se a concorrência. Alguns
acabaram por firmar a sua marca perante o Consumidor.
Já esta Cliente, deixou passar a palavra mágica: Oportunidade. Sim, continua
nas grandes superfícies. Mas sem uma marca perante o consumidor e sem ser
líder de mercado.
Até hoje, lembro me até do derradeiro argumento que utilizei para
convencê lo:
Perguntaram ao CEO da Coca Cola "porque é que ele continuava anunciando até
hoje e gastando rios de dinheiro, se praticamente uma grande parte da
população mundial conhecia a Coca Cola".
E o CEO simplesmente respondeu: "Você desligaria todos os motores de um
avião quando ele estivesse em pleno vôo?".
Sim, investir "bem" em publicidade não é para todos. Sorry.

Um Abraço

Danyel Sak vansaak@ip.pt

ooooooooooooooooooooooooooooo

VOCÊ ESTÁ ROTUNDAMENTE ENGANADO.

Caros Amigos:

Há algum tempo atrás estava a passear com as minhas mulheres e os meus cães
e comecei a reparar nas Rotundas.
E acabei por perceber que, como todos os seres humanos, elas também fazem
parte da cadeia evolutiva.
A Rotunda era apenas um pedaço de chão redondo; uma intersecção onde as vias
se encontravam. E assim orientava a preferência de um veículo sobre o outro
no cruzamento e também facilitava a mudança de direcção.
Mas se você pensa que a Rotunda ainda é só isso, está rotundamente enganado.
Porque, se a Rainha Mãe das Rotundas, aquele rotundão chamado Arco do
Triunfo ficou famoso, as outras rotundinhas pensaram que era hora de democratizar a fama.
Hoje, reparem, a Rotunda é muito mais do que isso: ela tornou se multimédia
e moderninha.
Temos agora Rotundas com jardins, estátuas, placas comemorativas, sazonais,
imponentes, casas de banho, cafetarias, etc.
A de Cascais encaixa se na categoria de multifuncionalidade: tem o brasão da
cidade circundado por um relvado. Mas quando aproxima se o Natal, TCHAM!
surgem as colunas, personagens e tudo aquilo se transforma em um presépio.
Uma das Rotundas de Alcabideche faz o estilo museu de estatuária moderna.
Mas o motorista, no afã de contornar a curva acaba por não saber se as
estátuas são mesmo uma obra de arte moderna ou obra de algum motorista que
ao chocar se com elas, deixou os restos pelo chão.
A de Carcavelos tem o estilo Cocoon: quem passa por lá fica sempre com o
olhar hipnotizado e fixado nos iglus verdes, esperando que as tais bolhas de
grama se rompam e surjam os tais seres a pronunciar "levem me ao seu líder".
Já a de Oeiras, perto do shopping faz o tipo Monumental: água a jorrar por
todo lado, obras de arte, pedra escura e os motoristas a tentar safar se ao
contornar o muro alto.
Safar se sim, porque em alguns casos, a evolução plástica da Rotunda veio
acompanhada da involução da segurança.
Isto porque, as Rotundas, na sua simplicidade (apenas uma calçada redonda),
tinham a sua sabedoria. Ou seja: os automóveis ao encontrarem se nela,
viam se uns aos outros. Assim podiam tomar a decisão de avançar em segurança
ou não.
Como algumas Rotundas hoje tem muros muito altos e uma circunferência muito
grande, não é possível ver as outras vias que desembocam nela.
Assim, ao decidir avançar, certas Rotundas tornam se verdadeiras Rotundas Russas.
Para confirmar é só olhar para os lados de algumas delas e ver os restos de
automóveis e ferros retorcidos que servem de protecção dos peões.
A conclusão é que estamos na iminência de uma revolução nas chamadas novas
profissões: engenheiros rotundólogos, arquitectos de rotunda, decoradores
rotundenses, artistas plásticos de rotunda, animadores culturais de rotunda
e claro, críticos culturais de rotunda.

Um Abraço,

Danyel Sak vansaak@ip.pt

ooooooooooooooooooooooooooooo

O SEU NOVO DESPORTO CHEGOU.

Sim, é época de Copa do Mundo. Mas temos que pensar que também há gente que
não liga para o futebol.
Para eles, há uma excelente sugestão de um desporto natural, pouquíssimo
difundido, que não tem o stress da competição permanente e o equipamento
custa praticamente nada: o Striking.
Trocando para a língua portuguesa, Striking é aquele esporte inglês, em que
o sujeito aparece do meio do nada em alguma competição ou evento e sai
correndo completamente nú, peladão, en pelotas, em pelo.
Mas, se por um lado o Striking é relativamente barato para a pessoa que o
pratica, as coisas não são assim tão simples para um país que quer se tornar
uma potência do Striking.
Isso porque o Striking exige que o Estado esteja muito bem preparado para a
práctica. Ou seja: é preciso ter forças policiais muito bem treinadas para
isso. Tanto fisicamente como psicologicamente.
Isto porque, o Striker surge de repente e começa a sua desabalada carreira.
Os guardas, que são pegos completamente de surpresa, são obrigados a entrar
em prontidão e sair correndo imediatamente atrás dele. Isto é uma pressão
psicológica tremenda para quem não estava preparado para entrar de repente
em acção.
Muito mais fácil é controlar claques violentas, pois os guardas já estão
preparados antecipadamente para uma possível confusão que está a se formar.
Além disso é uma competição sempre desleal para as forças policiais:
enquanto o Striker corre livre, leve, solto e peladão, os guardas estão
sempre vestidos com uniformes e equipamentos pesadíssimos.
Isto faz com que o Striker sempre leve vantagem para desenrolar o desporto e
ganhe tempo a correr de forma solta.
Mas atenção, note que no auge da corrida, a competição muda abruptamente o
seu ritmo: o verdadeiro Striker profissional que vinha correndo loucamente
feito um carneiro maluco tosquiado, sabe que é hora de abrandar o ritmo e
deixar entrar em cena os coadjuvantes: os guardas.
Agora é a vez deles participarem e brilharem: no momento em que chegam, o
Striker relaxa os músculos de forma profissional e torna se imediatamente o
Homem Maria Mole, Homem Geléia de Mocotó ou Homem Gelatina, dependendo da
temperatura ambiente. E imediatamente deposita o seu corpo nos braços dos
guardas.
De imediato, os guardas de Sua Majestade, possuindo uma técnica especial, o
ladeiam. E muito gentilmente dão lhe os braços e deslocam o corpo do Striker
de forma elegante para não lhe causar o menos dano.
Um terceiro guarda mais graduado, entra em cena de forma clássica e ocupa se
de tampar as partes íntimas do Striker com o capacete (que foi
antecipadamente lustrado de forma a ficar reluzente para as fotos do
evento).
Já estamos quase no final da competição: Guardas e Desportista saem de cena
sempre de forma coordenada e muito discreta. E são simpaticamente
ovacionados pela multidão, como é de praxe neste esporte.
Uma competição rápida e dinâmica. E que por isso mesmo não cansa os
espectadores. E nem o Striker, já que por tratar se de corridas curtas, não
requer preparo físico.
Então, ficou motivado? Já está tirando a roupa para fica peladão e practicar
o seu novo desporto?
Muito bem, então avise me antes, que é para eu não ir: eu não gosto de ver
homem pelado.

Um Abraço
Danyel Sak vansaak@ip.pt